OMS adverte para 'aumento exponencial' da pandemia, e Europa se fecha
Em todo o planeta, a Covid-19 infectou cerca de 42 milhões de pessoas e deixou 1,1 milhão de mortos
A Organização Mundial da Saúde alertou, nessa sexta-feira (23), para o "aumento exponencial de casos de Covid-19", enquanto a segunda onda da pandemia atinge a Europa, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos retomaram os testes clínicos de duas vacinas.
"Muitos países estão vendo um aumento exponencial de casos de Covid-19 e isto está levando hospitais e unidades de cuidados intensivos a funcionar perto ou acima de sua capacidade", disse o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma coletiva de imprensa virtual. "E ainda estamos em outubro", acrescentou, ao explicar que com a chegada do inverno, o hemisfério norte enfrentava um momento crucial na luta contra a pandemia.
Em todo o planeta, a Covid-19 infectou cerca de 42 milhões de pessoas e deixou 1,1 milhão de mortos, um quinto deles nos Estados Unidos, o país onde a pandemia tem sido mais letal.
Enquanto isso, vários países europeus estão reportando taxas de infecções mais elevadas do que na primeira onda da pandemia, em março e abril. Neste momento e segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), a evolução da pandemia suscita "grave preocupação" em 23 países dos 27 que compõem a União Europeia (UE), assim como no Reino Unido. Só se salvam Finlândia, Chipre, Estônia e Grécia. Há um mês, apenas sete países europeus estavam nessa lista vermelha.
Novo epicentro
Bruxelas e Valônia, região francófona da qual Liège é uma cidade importante, agora são os epicentros da nova crise europeia.
"Estamos perdendo. Estamos sobrecarregados. Estamos amargurados", disse Benoit Misset, chefe da Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Universitário de Liège, onde vários de seus funcionários têm que trabalhar, apesar de eles mesmos terem contraído a covid-19, de forma assintomática. "É uma guerra de trincheiras", com a diferença de que "não são bombas, é um vírus" e "é o vírus quem manda, não nós, nem os políticos, nem os cientistas", disse Misset à AFP.
A França, que estendeu o toque de recolher a 46 milhões de pessoas, superou nesta sexta a marca de um milhão de contágios desde o início da pandemia e a situação continua se degradando, com mais de 40.000 novos casos registrados em 24 horas.
O chefe do grupo de hospitais públicos de Paris advertiu que a segunda onda pode ser pior do que a primeira, enquanto o governo ampliou o toque de recolher noturno para cobrir mais de dois terços da população.
De um lado, o chefe do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, considerou que o "número real" de contágios no país era de mais de três milhões, embora oficialmente tenham sido registrados pouco mais de um milhão.
A Espanha é um dos países mais castigados pela pandemia, com mais de 34.500 falecidos, e várias autoridades regionais anunciaram novas medidas. A região de Madri proibiu as reuniões familiares entre a meia-noite e as 6h e reduziu à metade a capacidade de bares e restaurantes.
No Reino Unido, o país mais castigados da Europa, com mais de 44.000 óbitos confirmados, entrou em vigor em Gales um segundo confinamento geral na tarde desta sexta-feira. Na quinta, a Irlanda se tornou o primeiro país europeu a voltar a confinar sua população por completo por um prazo de seis semanas, durante as quais os estabelecimentos comerciais não essenciais permanecerão fechados, exceto as escolas.
Vacinas "gratuitas para todos"
Do outro lado do Atlântico, o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, disse que se for eleito em 3 de novembro, ordenará que as vacinas contra o coronavírus sejam gratuitas para todos os americanos. "Uma vez que tenhamos uma vacina segura e eficaz, tem que ser gratuita para todos, independentemente de se as pessoas têm um seguro médico ou não", disse Biden em um discurso no qual apresentou seu plano de resposta à pandemia.
Os Estados Unidos são o país do mundo com maior número de mortes pela doença, com mais de 223.000 mortos e 8,4 milhões de contágios. Por outro lado, a farmacêutica americana Johnson & Johnson anunciou que se prepara para retomar os testes clínicos com sua vacina experimental para a Covid-19, suspensa na semana passada depois que um voluntário adoeceu.
Além disso, o teste clínico da vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca e a universidade britânica de Oxford também foi retomada nos Estados Unidos. O país era o único onde o teste continuava suspenso, depois que um participante ficou doente há seis semanas.
A América Latina é a região mais castigada do mundo pela pandemia, com 387.586 mortos e mais de 10,7 milhões de contágios.
Crise econômica
O provedor de dados IHS Markit informou que a atividade econômica da zona do euro encolheu em outubro pela primeira vez desde junho. Os governos têm sido forçados a ajudar os negócios, castigados por um constante vai e vem de fechamentos e reaberturas.
A companhia aérea escandinava SAS informou que Suécia e Dinamarca acordaram aumentar suas apostas para tentar ajudá-la a superar a crise. E a Torre Eiffel, em Paris, um dos locais mais visitados do mundo, está experimentando um colapso no número de visitantes, com uma redução de 80% na venda de ingressos.