Após confirmação oficial, governo Bolsonaro felicita vitória da esquerda na Bolívia
Ex-ministro de Evo Morales, Arce comandou a volta do MAS (Movimento ao Socialismo) ao poder na Bolívia, em um resultado eleitoral que incomodou o Palácio do Planalto
O governo Jair Bolsonaro felicitou a vitória de Luis Arce nas eleições presidenciais bolivianas na noite desta sexta (23), tornando-se o último país entre os que fazem fronteira com a nação andina a parabenizar o novo líder boliviano.
Ex-ministro de Evo Morales, Arce comandou a volta do MAS (Movimento ao Socialismo) ao poder na Bolívia, em um resultado eleitoral que incomodou o Palácio do Planalto.
O Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia chancelou oficialmente nesta sexta-feira (23) a vitória de Arce nas eleições realizadas no último domingo (18). Com 55,2% dos votos, o aliado de Evo Morales conquistou a Presidência já no primeiro turno, derrotando o ex-presidente Carlos Mesa, de centro-esquerda, que obteve 28,9%.
Em nota, o Itamaraty felicitou o resultado eleitoral e saudou "as forças políticas do país pelo respeito à vontade popular expressa nas urnas".
"O governo brasileiro afirma sua disposição de trabalhar com as novas autoridades bolivianas com vistas à implementação de iniciativas de interesse comum e no âmbito dos laços de amizade, vizinhança e de cooperação que unem os dois países e seus povos", disse a chancelaria.
Apesar da nota, o Brasil foi o último país entre os vizinhos da Bolívia a fazer o gesto a Arce. Argentina, Peru, Paraguai e até mesmo o Chile --que não tem relações diplomáticas com a Bolívia --parabenizaram Arce dias atrás, depois que institutos de pesquisa e até mesmo opositores já reconheciam a vitória do MAS.
O Itamaraty não havia se manifestado sobre o assunto, mas internamente interlocutores diziam que a hancelaria esperaria o resultado oficial.
A postura do Brasil diverge da adotada quando a atual presidente Jeanine Añez assumiu o poder. Em novembro de 2019, ela se autodeclarou presidente na esteira da crise sucessória aberta com a renúncia do de Evo.
Na ocasião, o Brasil foi um dos primeiros países a reconhecê-la como presidente legítima da Bolívia.
Na nota divulgada nesta sexta, o Itamaraty elogiou Añez e disse que seu governo teve uma atitude "democrática e construtiva". Arce, por sua vez, considera que Añez não foi eleita de forma democrática.
A data da posse de Arce ainda será definida, mas deve ocorrer no início de novembro.
O MAS também conquistou a maioria nas duas Casas do Legislativo boliviano.
Além dos vizinhos da Bolívia, os latino-americanos Lenín Moreno, do Equador, Andrés Manuel Lopez Obrador, do México, e Luis Lacalle Pou (Uruguai) também parabenizaram o esquerdista.
O ditador venezuelano Nicolás Maduro, aliado de Evo Morales, publicou uma mensagem nas redes sociais comemorando a vitória do MAS.
Na Bolívia, adversários de Arce já haviam reconhecido a vitória após divulgação da pesquisa de boca de urna na madrugada de segunda (19). A sondagem previa 52,4% para o candidato do MAS, contra 31,5% de Mesa.