Racismo

Policiais atiram e matam homem negro na Filadélfia, palco de novos atos antirracistas

Walter Wallace Jr., 27, tinha um histórico de problemas de saúde mental

Cena no vídeo que mostra Walter Wallace Jr., 27, caminhando por uma rua sob a mira de dois policiais. - Reprodução/Benjamin Crump

A cidade da Filadélfia, na Pensilvânia, tornou-se palco de novos protestos contra o racismo e a violência policial na noite desta segunda-feira (26), depois que dois policiais atiraram e mataram um homem negro em uma ação filmada e compartilhada nas redes sociais.
 
O vídeo mostra Walter Wallace Jr., 27, caminhando por uma rua sob a mira de dois policiais. Não é possível ver nas imagens, mas os relatos indicam que Wallace portava uma faca e, no vídeo, os policiais gritam para que ele a solte. Uma mulher, que também aparece no registro e foi identificada como a mãe de Wallace, grita para que os policiais não atirem.
 
Em dado momento, entretanto, com Wallace a poucos metros de distância, os dois policiais disparam pelo menos dez vezes e o homem cai ao chão, sob gritos da mãe e de outras testemunhas. Mais tarde, ele foi declarado morto em um hospital. De acordo com familiares, Wallace tinha um histórico de problemas de saúde mental e estava no meio de uma crise durante a abordagem que resultou em sua morte.
 
O advogado de direitos civis Benjamin Crump, que atuou na defesa das famílias de George Floyd e Breonna Taylor, compartilhou o vídeo nas redes sociais. "Policiais da Filadélfia atiraram para matar Walter Wallace Jr., disparando mais de dez vezes contra ele enquanto ele estava a pelo menos três metros de distância", escreveu Crump. "Ele supostamente tinha uma faca, mas os policiais não fizeram tentativas de amenizar a situação neste vídeo. Eles foram direto para matar Wallace na frente de seus entes queridos!"
 
Em um comunicado, o prefeito da Filadélfia, Jim Kenney, disse que a morte de Wallace está sob investigação. "Assisti ao vídeo desse trágico incidente e ele apresenta perguntas difíceis que devem ser respondidas. Espero uma resolução rápida e transparente", disse Kenney.
 
A comissária de polícia local, Danielle Outlaw, também divulgou comunicado em que garante uma investigação detalhada. "Enquanto estava no local esta noite, ouvi e senti a raiva da comunidade. Todos os envolvidos serão impactados para sempre. Estarei me apoiando no que a investigação reunirá para responder às muitas perguntas sem resposta que existem", disse Outlaw.
 
Durante a noite desta segunda, centenas de manifestantes se reuniram em frente ao departamento de polícia da Filadélfia. Houve confrontos com agentes de segurança e pelo menos trinta policiais foram feridos por tijolos arremessados pelos manifestantes. Um dos agentes quebrou a perna depois de ser atropelado por uma caminhonete e permanece hospitalizado, segundo a emissora NBC. A polícia também registrou saques e destruição de lojas no centro da cidade. Os manifestantes incendiaram viaturas e lixeiras, e pelo menos 30 pessoas acabaram presas.


 
Os protestos desta segunda são os mais recentes episódios da série de atos antirracistas que se espalharam pelos EUA desde o assassinato de George Floyd, em maio. Floyd teve o pescoço pressionado contra o chão pelo joelho de um policial branco durante quase nove minutos e morreu asfixiado depois de dizer várias vezes que não conseguia respirar.
 
A ação foi gravada por testemunhas e viralizou nas redes sociais, dando início a atos condenando a violência policial e o racismo sistêmico dos EUA. Os protestos se espalharam em milhares de cidades e em diversos outros países e evidenciaram a gravidade das questões raciais no ano em que os americanos vão às urnas para escolher seu novo presidente –ou o mesmo, caso Donald Trump seja reeleito.