Vida Plena

Tabagismo: abandonar o vício melhora a saúde e reduz o risco de desenvolver doenças

Etapa do processo de abandono do cigarro, síndrome de abstinência precisa ser contida com foco e disciplina. Saiba como superar fase

Controlar síndrome de abstinência é fundamental para superar recaídas - Tumisu/ Pixabay

Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a principal causa de morte evitável no mundo, o tabagismo põe fim à vida de oito milhões de pessoas todos os anos. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que 10% dos fumantes chegam a reduzir a expectativa de vida em 20 anos. Por conta disso e também por estar associado a diversos tipos de câncer, problemas pulmonares e doenças cardiovasculares é que a indicação de especialistas é cessar o hábito, um exercício que exige foco e disciplina também contra as traiçoeiras recaídas.

Segundo o pneumologista e broncoscopista do Hospital Jayme da Fonte Thiago Matos, que também é membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a queima do tabaco no corpo danifica várias atividades fisiológicas porque produz substâncias nocivas à saúde. “O benzeno e o níquel, por exemplo, estão relacionados à carcinogênese, ou seja, o desenvolvimento do câncer. Além deles, há outras substâncias, como a amônia, o monóxido de carbono e a acroleína”, elenca Thiago. 

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Ainda conforme o especialista, o tabaco também torna o corpo propício a desenvolver doenças respiratórias, como a doença pulmonar obstrutiva crônica, além de piorar outras patologias, como a asma. “A quantidade de prejuízos é enorme. O tabagismo pode provocar também a perda da função pulmonar com dispneia progressiva aos esforços, que é a falta de ar,  além de câncer de boca, pulmão, aterosclerose e hipertensão”, complementou.

Por influência do pai e dos irmãos, o comerciante Sérgio Paulino, 50, resolveu pôr fim ao hábito de fumar há 16 anos. “Todos nós fumávamos. Quando eles pararam, fui influenciado a cessar o hábito também. Apesar de resistir um pouco no início, consegui largar o cigarro”, lembra Sérgio. “O vício me deixava praticamente cego a ponto de não ver nenhum tipo de benefício caso eu parasse, mas ainda bem que pude contar com a minha família, a maior influenciadora nesse processo de término”, emendou.

Apesar de ser difícil recuperar o “estrago” causado pelo tabagismo, conforme ressalta Thiago Matos, é possível reduzir os riscos de desenvolver a maioria das doenças. “Ao parar de fumar, o organismo demora a voltar ao padrão “normal”  de antes do hábito tabágico, mas conseguimos controlar melhor as comorbidades coexistentes”, pondera. 

A pneumologista Magda Marusa destaca que parar de fumar tem benefícios imediatos e a longo prazo tanto para o paciente quanto para quem convive com ele. “Nas primeiras horas até o primeiro ano já é possível perceber melhora da circulação sanguínea, da função do pulmão, além de melhora dos sintomas respiratórios como tosse e falta de ar. Dentre os benefícios a longo prazo, está a diminuição dos riscos de doença coronariana pela metade. Em cinco anos diminui o risco de acidente vascular cerebral e em dez anos há a diminuição do risco de câncer”, elenca Magda.

Quando resolveu parar, Sergio precisou saber lidar com a abstinência. "Foi bem complicado, porque fiquei bastante irritado e ansioso. Tive algumas recaídas no começo, mas quando decidi parar de vez, não voltei mais", rememora. "A partir daquele momento, minha alimentação mudou, meu peso aumentou, mas meu paladar e olfato mudaram pra melhor", conclui.

Nos primeiros dias após a cessação do tabagismo o corpo reage sentindo a falta do cigarro, o que os especialistas chamam de síndrome de abstinência com a fissura. “Essa síndrome apresenta uma vontade intensa de fumar, que em geral não dura mais de cinco minutos e é difícil de controlar. Ela aparece algumas horas após a cessação e vai aumentando nos primeiros quatro dias. Normalmente, vai desaparecendo ao longo de duas semanas, aumentando os intervalos entre os episódios”, explicou Thiago. O especialista alerta para a necessidade de entender que esses momentos vão existir e que não se deve ceder às recaídas. “O principal é procurar apoio junto ao pneumologista para que possa ser avaliado quanto ao uso de terapias medicamentosas no tratamento do tabagismo”, finalizou

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