Pernambuco

Bolsonaro diz que quer federalizar Fernando de Noronha; Governo de Pernambuco responde

Baía dos Porcos, Fernando de Noronha - Reprodução/Blog do Thiago Charfy

As críticas à gestão ambiental de Fernando de Noronha e as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em live transmitida nessa quinta-feira (5), de que pretende federalizar o arquipélago pertencente ao Estado de Pernambuco, foram respondidas pelo Governo do Estado por meio de nota na manhã desta sexta-feira (6).

"Em respeito à Constituição Federativa do Brasil e ao povo de Pernambuco, o Governo do Estado tem trabalhado muito para encontrar soluções para superação dos desafios atuais. Em Fernando de Noronha somente nos últimos dois anos, o Governo de Pernambuco investiu mais de R$ 20 milhões na construção de casas, recuperação de estradas vicinais, implantação de iluminação de LED e readequação completa do porto de Fernando de Noronha. 

Estamos também ampliando a oferta de energia solar e reduzindo a poluição na ilha, com os programas Carbono Zero e Plástico Zero. No mesmo período, o Governo Federal divulgou três vezes que iria mandar recursos para o saneamento e nunca liberou qualquer valor, além de aumentar o preço das taxas de preservação ao invés de extingui-las, como havia prometido. A população de Fernando de Noronha, a exemplo de todos os brasileiros, conta com ações efetivas, integradas quando possível, para que as melhorias sigam acontecendo. Criar soluções é mais produtivo do que criar polêmicas", diz a nota do Governo de Pernambuco

Entenda o caso

Durante a live, ao lado do secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, Bolsonaro defendeu a liberação da pesca de sardinha na Ilha, autorizada na semana passada, decisão criticada por cientistas, ambientalistas e pela secretaria de Meio Ambiente de Pernambuco. "Em Fernando de Noronha, 30 barcos? E a sardinha tinha que vir do continente pra lá? Não pode pescar? (...) Você mora numa ilha e tem que importar peixe. É o fim da picada. Isso é aqueles ambientalistas xiitas...",  criticou Bolsonaro, que se referiu ao secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Antônio Bertotti Júnior, como "um secretário aí". A pasta havia se manifestado contra a liberação, feita durante o defeso da sardinha, quando a pesca é proibida por causa do período de reprodução dos peixes.

Em seguida, Bolsonaro parabenizou o seu secretário e revelou que sugeriu a ele "a gente federalizar Fernando de Noronha". "Porque parece que virou ali uma ilha de amigos... não quero falar o nome aqui para não ter problema... mas de amigos do rei, e o rei não sou eu", declarou. Depois, o presidente afirmou ser um absurdo "inacreditável" ir a uma praia em Fernando de Noronha e pagar R$ 100. E comentou que havia um gerador de energia eólica no arquipélago que parou de funcionar depois de um passarinho aparecer morto "um tempo atrás".

"Agora é com diesel. O pessoal fala tanto em meio ambiente, né?", disse. "Inclusive lá agora tem a geração de energia, a termoelétrica, os caras vão lá na termoelétrica, movida a óleo, né?, e carregam o carro de energia elétrica, a bateria do carro, para andar na ilha. Sem comentários, pô. É muito menos poluente você andar com o carro diretamente movido a diesel ou gasolina do que você ir na termoelétrica recarregar a bateria do teu carro. Então são esses absurdos que a gente tem que mudar", completou Bolsonaro. "Agora vamos tentar, se for possível, né?, a gente federalizar Fernando de Noronha, acabar com essa questões. Fazer realmente um polo turístico. Ouvi dizer que há um tempão não pode parar navio lá...", reforçou.

Já Seif afirmou que o arquipélago "não é a Cuba brasileira" e pertence aos brasileiros. Por isso, segundo ele, a população do país tem que conhecer a ilha, mas "com estrutura". "Poderia ser um local aí de arranjar recursos para o Brasil vindos de fora, do turismo, dar uma condição de vida melhor para a população, tá certo? Então é muita coisa errada no Brasil que a gente vai arrumando devagar, vai buscando solução para isso. Não pode aquela ilha ter dono, ter dono. Tá certo?" concluiu o presidente.