Em tempos de pandemia, 'Baile do Menino Deus' adota formato em vídeo
Espetáculo natalino será exibido como telefilme pelo YouTube e na televisão
Ao longo de 16 anos, o “Baile do Menino Deus” já lotou diversas vezes a Praça do Marco Zero, no Bairro do Recife. Só em 2019 mais de 70 mil assistiram ao espetáculo natalino. Neste ano, no entanto, a tradicional montagem precisou se adaptar aos tempos de pandemia. Em vez das tradicionais apresentações ao ar livre, a história chega ao público por meio de um telefilme.
Criada e dirigida por Ronaldo Correia de Brito, a ópera popular nordestina será transmitida através do canal no YouTube do espetáculo e redes sociais de parceiros, como a Prefeitura do Recife e o Governo de Pernambuco, entre os dias 23, 24 e 25 de dezembro. Também haverá transmissão pela TV Globo Nordeste, no dia 26.
“Nós não podíamos deixar vazio esse espaço que o ‘Baile’ ocupa no calendário do Recife todos os anos. A solução que encontramos foi produzir um telefilme, já que uma live não daria conta da grandiosidade da obra. Estamos há quase dois meses empenhados nos preparativos disso”, explica Ronaldo, que não esconde a falta que a presença do público faz. “É doloroso, mas há o consolo de que vamos poder chegar a milhões de pessoas que nunca tiveram a oportunidade de ver o espetáculo”, diz.
Para Carlos Filho, solista da montagem, a mudança de formato permite aos artistas do elenco saírem de uma zona de conforto. “Fazer com a plateia presente era um combustível muito forte. O nosso desafio é fazer com que essa comunicação aconteça também à distância”, afirma. O ator Arilson Lopes, que dá vida ao brincante Mateus, acredita que a mensagem da peça teatral chegará ao público de forma potente, mesmo através de uma tela. “Mais do que nunca, neste momento que o mundo vive, é importante falar de renascimento, vida, fé e esperança. Simbolicamente, acho que tudo isso fica ainda mais intenso”, defende.
Para as gravações, que começam hoje, o cenário do “Baile do Menino Deus” foi montado em um teatro do Recife (para evitar aglomerações, a produção não revela o local), seguindo protocolos de segurança. Os cineastas Tuca Siqueira e Pedro Sotero assinam como diretora geral e diretor de fotografia, respectivamente.
“Estamos respeitando o formato original do espetáculo, preservando a sua essência, mas com um cuidado estético de cinema. A gente leva a câmera para o palco em alguns momentos, permitindo ao público ver mais de perto alguns detalhes que podem passar despercebidos no espaço aberto”, comenta Tuca.
Algumas alterações foram necessárias, tanto para atender ao novo formato como para garantir a segurança dos artistas. Gestos de contato físico, como beijos e abraços, por exemplo, foram cortados das cena. O uso de imagens em projeções foi incluído na apresentação. “O que há de extraordinário no ‘Baile’ é essa possibilidade de sempre transformar-se e incorporar linguagens, sem perder a força da poesia e do lúdico”, aponta Ronaldo.