Em jogo de futebol, atletas decidem 46 vezes por minuto
Preparação mental indica melhor caminho para não fazer escolhas erradas durante uma partida
O que leva um atleta a cavar um pênalti ao invés de finalizar para o gol? Ou aplicar aquele carrinho perigoso mesmo já tendo um cartão amarelo? Esses são alguns dos questionamentos levantados quando analisadas as decisões dos atletas durante o calor do jogo e que, muitas vezes, podem custar resultados fundamentais para a equipe. Mas como fazer para minimizar os erros daquela escolha e potencializar o próprio rendimento esportivo dentro de campo?
Como explica a coach esportiva Amanda Ciaramicoli, o treinamento mental está diretamente relacionado com o processo cognitivo, isto é, ao processo de tomada de decisão. Por isso, é fundamental que os atletas sejam conscientes da importância desse tipo de preparação para manter altos níveis de competitividade e performance.
Estudos sugerem que atletas com competência cognitiva em suas ações de jogo são considerados peritos (expert), pois possuem a compreensão de “o que fazer” (tempo), “como fazer” (espaço) e “quando fazer” (situação).
- Quando eu falo que o atleta precisa treinar a mente da mesma maneira que ele treina a parte física, técnica e tática, eu me refiro a esse treinamento cognitivo. A cognição nada mais é do que a maneira pela qual o seu cérebro percebe, aprende, recorda, pensa e age. Isso tudo é captado através do sentido – aponta Ciaramicoli.
- Esse processo cognitivo muito bem trabalhado em um processo de tomada de decisão e desenvolvimento mental é de extrema importância e está diretamente relacionado aos êxitos das equipes – completa.
De acordo com a especialista, uma pessoa (não atleta) cognitivamente ativa, ou seja, que trabalha e estuda, toma - em média - 6 mil decisões por dia. Considerando 16 horas úteis, isso se equivale a 375 decisões por hora. No esporte, um atleta de alto rendimento tem 2.500 decisões por partida – em apenas 90 minutos. Dependendo da partida e do momento que o time atravessa, esse número pode chegar a 4.200 – ou seja - 46 decisões por minuto durante o jogo.
- Existe uma alta demanda cognitiva que implica diretamente na performance do atleta. Quando ele não tem a mente trabalhada para suportar essa sobrecarga, ele se estressa, começa a se sentir mais cansado, perde a qualidade técnica, desidrata de maneira acelerada, tem dificuldade de se recuperar entre as competições. Isso tudo pode aumentar até mesmo o risco de ele ter lesões. Portanto quando o atleta não possui esse tipo de acompanhamento, ele não tem a capacidade para suportar situações como essa que acabam acarretando dentro de campo com a falta de confiança e concentração – diz.
Sendo assim, é possível afirmar que os times que não conseguem render em uma determinada sequência de jogos, também podem estar falhando em seus treinamentos. Afinal, decidir faz parte do jogo...