Santa Cruz

Com dois meses de Martelotte, Santa consolida equilíbrio e faz ataque voltar a funcionar

Treinador assumiu o comando da equipe na sexta rodada da Série C e, em 9 jogos, acumula melhor média de gols em comparação ao restante da temporada

Marcelo Martelotte, técnico do Santa Cruz - Rafael Melo/Santa Cruz

Ao desembarcar no Arruda para a sua quarta passagem à frente do Santa Cruz, Marcelo Martelotte disse que esperava montar um time com características parecidas à equipe que conquistou o vice-campeonato da Série B de 2015, campanha que tem como referência. Na ocasião, foram cinco empates, sete derrotas e 19 triunfos em 31 jogos, desempenho suficiente para justificar o acesso à Série A. Em compromisso diante do Remo/PA, nesta sexta, no Mangueirão, pela 15ª rodada da Série C, o treinador completa dez partidas no Tricolor em 2020 e dois meses liderando o time na beirada do campo. E, até aqui, ele tem cumprido à risca o prognóstico desenhado em sua reapresentação. 

“Eu falei desde o início que tinham algumas características minhas que eu gostava numa equipe e que eu iria introduzir aos poucos no time, eu vi esse resultado. Hoje, temos realmente um ataque mais forte, um time que joga de uma maneira diferente, mas volto a ressaltar o trabalho do Itamar (Schulle) e o que a equipe vinha fazendo até aquele momento (o retorno dele)”, comentou Martelotte. 

Antes da despedida, o catarinense Itamar Schulle consolidou o sistema defensivo com seu estilo de jogo mais resguardado, num processo de bastante paciência e adequações, que foi fundamental para a trajetória, pelo menos em números, bem sucedida.  Em contrapartida, o elenco ainda apresentava carências individuais, e, apesar dos bons números, oscilava de comportamento a depender da atuação de algumas peças. Isso por muito tempo na passagem de Schulle foi fator evidenciado também como fruto da longa espera por reforços - em muitas ocasiões, Itamar precisou fazer milagre com as cartas que tinha nas mangas. 

Ainda assim, iniciando a transição do trabalho feito pelo catarinense, Martelotte precisou acelerar a adaptação do elenco ao seu estilo de jogo, sem, contudo, desorganizar a equipe. Até o momento, trabalho executado com sucesso. A chegada de alguns nomes ajudaram nesse processo, principalmente no setor ofensivo, que antes não vivia boa fase. Na era Itamar Schulle, foram 27 jogos disputados e 32 gols marcados, uma média de 1,18 gol por partida (ao cumprir suspensão, Schulle não comandou o Santa contra o River/PI, pela última rodada da fase de grupos da Copa do Nordeste). Na Terceirona, foram sete gols anotados em cinco jogos, e quatro gols sofridos. 
 

Com Martelotte, por outro lado, o ponto forte do time passou a ser balançar as redes, sem perder de vista o equilíbrio entre os setores - teve oscilações nos três primeiros jogos do técnico, mas o Tricolor foi reconduzido ao caminho das pedras nas rodadas seguintes. Nos últimos nove confrontos, a equipe foi vazada seis vezes e anotou 19 tentos, alcançando uma média de 2,11 gols por duelo, aproveitamento ofensivo que chama atenção por ser maior do que o que foi anteriormente apresentado pela Cobra Coral dentro de uma maior quantidade de jogos na temporada. Trazendo o recorte para o âmbito individual, Martelotte acumula 85,1% de aproveitamento como técnico do Santa em 2020. 

Já classificado ao quadrangular decisivo e na briga para atingir o último objetivo concreto da primeira fase da Série C, que é assegurar a liderança do Grupo A, o comandante coral analisou seu quadro positivo à frente do time. “É difícil a autoanálise, mas os números não mentem. O trabalho tem dado os resultados que a gente esperava, tem sido muito bom. Eu sempre lembrei que a gente assumiu um time que estava numa boa condição, brigando pela liderança, é verdade que vinha de uma derrota (contra o Vila Nova), que é a única nossa no campeonato, mas tinha uma campanha”.

“É um caso diferente do que normalmente se encontra no futebol, era uma troca naquele momento de um time que vinha bem, então considero que tenha sido mais fácil a gente chegar a esses objetivos. Apesar de que realmente os números são extraordinários, acho que poucos times do Brasil tem esse nosso rendimento hoje, uma sequência de seis vitórias. Tudo isso só faz aumentar a nossa responsabilidade e a expectativa em cima do nosso time, não só a partir da próxima fase, mas ainda nesses próximos jogos que nós temos para completar essa fase de classificação”.