Brasil

Governo não tem coragem de enfrentar desafios da economia, afirma Maia

Deputado diz que 'cortina de fumaça' como projeto de cabotagem não vai resolver problemas no curto prazo

Presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) - Najara Araujo/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira (16) que o governo quer votar projetos que são cortina de fumaça por não ter coragem de enfrentar os principais desafios do país, como a manutenção do teto de gastos e a redução do déficit público.

Maia fez as declarações em palestra na ACSP (Associação Comercial de Sâo Paulo), ao comentar o resultado das eleições municipais - os principais candidatos indicados pelo presidente Jair Bolsonaro fracassaram nas urnas.

Para o deputado, a maior influência para o processo eleitoral de 2022 serão as decisões que o governo vai tomar nos próximos meses para melhorar sua situação fiscal.

"Eu acho que o resultado da eleição mostra sim, claro, um fortalecimento de partidos num espectro mais liberal na economia e de maior diálogo na sociedade em outros temas, sem essa radicalização, e acho que, de fato, o impacto para 2022 é sempre uma sinalização", disse. "Mas acho que a sinalização mais forte será das decisões que o governo vai tomar para os próximos seis meses."

Nesse contexto, Maia afirmou que muitos projetos listados pelo governo como importantes são uma "cortina de fumaça".

"Projetos bonitos, mas não vão resolver o nosso curto prazo. Com todo respeito, projeto de cabotagem. Não vai resolver o problema do Brasil nos próximos seis meses", criticou.

Ele defendeu ainda que não se caia na "armadilha de votar projetos bonitos, que tenham algum charme, algum impacto na sociedade, mas que não estejam enfrentando os principais problemas do nosso país."

Maia, no entanto, disse que vai apoiar e votar a favor de muitos desses projetos.

"Mas não pode ser uma cortina de fumaça para ganhar tempo por não termos ainda coragem de enfrentar os principais desafios que nos afligem hoje, que é exatamente a manutenção do teto de gastos e a sinalização clara da redução do déficit público para os próximos anos."

Na palestra, o deputado voltou a defender a votação da PEC Emergencial, que corta e redistribui recursos no Orçamento, e disse que o governo não pode transferir para o Legislativo responsabilidade que cabe ao presidente.

"O governo vai ter que tomar decisões, escolher caminhos que não são fáceis, não são caminhos com votações simples e decisões simples por parte do governo", afirmou. Segundo ele, a sinalização é importante para os investidores que aplicam recursos no Brasil.