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Taxa de reeleição de prefeitos cresce em 2020 e chega a 63% pelo país

No primeiro turno, mais de 1.600 prefeitos já repetiram a vitória nas urnas; índice de reeleição em 2016 havia sido de 46%

Urna eletrônica - Antonio Augusto/Ascom/TSE

Em quase 30% dos municípios do país, prefeitos eleitos há quatro anos conseguiram um novo mandato nas eleições do domingo (15).

Segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo com base nos dados da Justiça Eleitoral, a taxa de reeleição entre aqueles que se candidataram novamente subiu em relação ao pleito de 2016.

Neste ano, até agora, 62,9% dos eleitos quatro anos antes que decidiram disputar novo mandato foram eleitos. Em 2016, o índice tinha sido bem mais baixo, de 46,4%.

No total, a reportagem localizou mais de 1.600 prefeitos que repetiram a vitória nas urnas -o país possui 5.570 municípios. Em Macapá (AP) a eleição foi adiada, e em Brasília não há disputa.

Esses números não levam em conta vice-prefeitos que assumiram ao longo do mandato após renúncia ou morte do titular eleito nem aqueles que venceram pleitos suplementares (realizados por cassação ou impedimento das chapas ganhadoras nas urnas).

Dentro desse recorte, decidiram tentar a reeleição 2.556 prefeitos.

Nas capitais pelo país, em 4 das 7 com a eleição definida em primeiro turno o vencedor de 2016 ganhou um novo mandato. Isso ocorreu em Curitiba, Florianópolis, Campo Grande e Belo Horizonte.

Em outras duas, Palmas e Natal, venceram ex-vices que assumiram com a renúncia de titulares que haviam decidido concorrer ao governo em 2018.

Neste ano, ainda haverá segundo turno em 57 cidades.

No estado de São Paulo, houve 166 prefeitos vencedores há quatro anos reeleitos. O número representa 25% do total de prefeituras

Entre as maiores cidades, a situação ocorreu em São José do Rio Preto, em Jundiaí e em São Bernardo do Campo.

Em Minas Gerais, estado com o maior número de municípios, isso aconteceu em 242 cidades -28% do total.

O cenário político nacional pode ajudar a explicar a inclinação ou rejeição dos eleitores acerca das reeleições.

Neste ano, a disputa municipal ocorreu em meio a restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, que restringiu atos de campanha –o que tende a prejudicar opositores. A circunstância também ampliou o papel do Executivo em ações sociais.

A votação acabou adiada de outubro para novembro por causa das medidas sanitárias.

Em 2016, a campanha ocorreu em meio ao julgamento do impeachment da então presidente Dilma Rousseff e ao auge da Operação Lava Jato, provocando forte desgaste ao PT e benefício a forças políticas como o PSDB. Na ocasião, os petistas encolheram 60% em número de prefeituras.

Na campanha municipal de 2012, a taxa de prefeitos que haviam vencido quatro anos antes foi de 55,4%.
Na década anterior, marcada por uma fase de mais crescimento econômico e menos instabilidade política no país, o número atingiu 68,8% em 2008.

As receitas públicas em queda tendem a afetar as chances de grupos governistas. O Fundo de Participação dos Municípios, por exemplo, representa a principal fonte de recursos da maioria das pequenas prefeituras.

O fundo é um repasse federal mensal que tem origem em impostos como o IPI e o Imposto de Renda.

Em 2019, o governo Jair Bolsonaro chegou a apresentar uma proposta de extinção de municípios sem autonomia financeira como forma de aliviar as despesas públicas.

A ideia, porém, não avançou e é de improvável viabilidade política.