Crime

Amigos relatam ambiente hostil em mercado onde homem negro foi morto

João Alberto Silveira Freitas, 40, foi espancado por seguranças de uma loja do supermercado Carrefour, em Porto Alegre

João Alberto Silveira Freitas, 40, assassinado - Reprodução

Amigos de João Alberto Silveira Freitas, o Beto, relatam que o ambiente do mercado onde ele foi espancado até a morte tinha um histórico de ambiente hostil aos clientes torcedores do São José, clube de futebol das proximidades do Carrefour. Beto era torcedor do Zequinha.
 
"Pegou de surpresa, mas a gente já sabia como era o pessoal do Carrefour, ríspidos. Mesmo eu branco, me sentia oprimido quando ia ali depois do jogo. Parece que querem que tu largue de uma vez dali", conta o amigo Márcio Noble Cardoso.
 
"A gente está indignado com isso. Está voltando a acontecer no Carrefour. Geralmente, quando ia no mercado, os segurança já começava ficar olhando de cara feia pra gente, já tinha discriminação contra nós. Pegaram ele sozinho e agiram daquela forma" (sic), diz o amigo Carlos Eduardo Borges Carneiro.
 
João Alberto Silveira Freitas, 40, morreu após espancamento por dois seguranças de uma loja do supermercado Carrefour, em Porto Alegre.
 
"Era uma pessoa humilde, se preocupava com a vida e com os outros. Isso poderia ter sido evitado, sem violência, sem nada. Infelizmente, não foi como a gente esperava", lamentou o amigo Matheus Borges Carneiro, também torcedor do São José.
 
O caso já tem sido comparado com o assassinato de George Floyd, um homem negro morto por sufocamento nos Estados Unidos em uma abordagem policial. "Não consigo respirar", disse Floyd, enquanto era contido.
 
No caso de Beto, como João Alberto Silveira Freitas era chamado pelas pessoas próximas, os seguranças chegaram a ficar em cima dele, nas costas, segundo a delegada Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Porto Alegre. Este tipo de contenção dificulta a respiração.


"Foi verificado junto à perícia que provavelmente ele tenha morrido por asfixia ou ataque cardíaco. O dois seguranças que agrediram ficaram em cima dele, aquilo dificultou a respiração dele. Quando falamos em asfixia não significa necessariamente estrangulamento, mas aquela forma de contenção de ficar em cima dele fez com que tivesse dificuldade de respirar e pode ter ocasionado um ataque cardíaco. Aguardamos o laudo oficial, mas são indícios preliminares a partir de sinais identificados pela perícia no corpo dele", disse Bertoldo à Folha de S. Paulo.