Rodoviários

Negociação entre empresários e rodoviários em pauta no TRT

Audiência de conciliação entre Urbana-PE e categoria programada para hoje tenta estabelecer acordo e evitar paralisação

Audiência entre rodoviários e empresários será determinante para manutenção ou não de greve - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Uma audiência de conciliação entre o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE) e o Sindicato dos Rodoviários deve acontecer na tarde desta segunda-feira (23), a partir das 15h, com o objetivo de evitar a paralisação das atividades dos motoristas e cobradores de ônibus, a partir das 0h desta terça (24).

O encontro será mediado pela vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 6ª Região, Dione Nunes Furtado, e aconteceve em meio a exigências do Sindicato dos Rodoviários, como aumento salarial e do tíquete, cumprimento da Lei que proíbe a dupla função, além da readmissão dos cobradores e estabilidade de um ano na função.

A conversa entre as partes (Urbana-PE e Sindicato dos Rodoviários) será determinante para haver ou não a paralisação dos rodoviários. Segundo a Urbana-PE, autora do pedido para audiência, o momento atual de crise não é realidade para pedir aumento salarial. De acordo com o presidente da Urbana-PE, Fernando Bandeira, não há motivos para greve da categoria. “Sobre a dupla função, a Lei ainda não está em vigor. A respeito da readmissão dos cobradores isso já está judicializado. Quanto à campanha salarial é incompatível com o momento atual fornecer 29% de aumento no salário e 79% no tíquete", afirma. 

O presidente ainda assegurou que está descartada qualquer possibilidade para aumento salarial. “Estamos com produtividade negativa. Temos apenas 70% da quantidade de passageiros que havia no mês de março”, explica. Bandeira ainda diz que durante a audiência, tentará fazer um acordo para transferir a discussão salarial para julho de 2021. 
 

Por outro lado, o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, afirma que a greve só será impedida caso as demandas sejam cumpridas. “Queremos o retorno de todos os cobradores das linhas que circulam no Recife, mesmo os que tenham origem em outros municípios, a exemplo da linha TI Xambá/Príncipe. A Lei existe e precisa ser cumprida. Se não for, o cabo de guerra continuará”, destaca o presidente do Sindicato, ainda alertando  que 75% dos cobradores das linhas que circulam no Recife já foram demitidos. 

Além disso, Lima pede para que o Governo de Pernambuco atue de forma a garantir o cumprimento da Lei que impede a dupla função. “Esta Portaria que estamos exigindo do governo do Estado precisa deixar esse entendimento e consequente determinação bem explícita, já que o Grande Recife é quem determina se pode ou não circular ônibus sem cobrador”, explica. Em nota, o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano informa que "cientificou os sindicatos de que a referida Lei, como toda norma jurídica, haverá de ser cumprida, a partir de sua eficácia, que terá início em 03/12". O Grande Recife disse que irá cobrar aplicação da regra, "no âmbito de sua competência e no limite de sua abrangência".

O presidente da categoria ainda pede que haja uma negociação da campanha salarial, aumento do tíquete de alimentação e inclusão do plano de saúde aos rodoviários . “Nosso piso do tíquete é no valor de R$ 280. Depois do nosso, o mais baixo é R$ 400. Queremos também retomar as discussões para reajuste do salário com base na inflação mais ganho real. Sobre o plano de saúde somos um dos poucos Estados que não têm”, relata. 
 
Greve
Ciente da possibilidade de greve, a Urbana-PE informou que recebeu notificação do Grande Recife Consórcio de Transporte e pediu a frota mínima de 70% nos horários de maior movimento, isto é, das 05h às 09h e das 16h às 20h, e 50% nos demais horários durante a greve anunciada pelos trabalhadores rodoviários.