Mercado de Trabalho

Guedes prevê desaceleração em emprego e corte de 300 mil vagas em 2020

De março a junho, índices foram negativos, mas, a partir de julho, indicadores apresentaram melhora

Carteira de Trabalho - Divulgação

O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou, nesta segunda-feira (23), que o ritmo de geração de empregos observado nos últimos meses deve desacelerar. Ele prevê uma perda aproximada de 300 mil vagas formais de trabalho em 2020.

Até setembro, o Brasil registrou uma perda líquida (admissões menos demissões) de 558 mil empregos formais. Os saldos negativos foram registrados de março a junho, com o fechamento das atividades pelo País devido à pandemia.

De julho a setembro, no entanto, houve geração de vagas (139 mil, 244 mil e 313 mil, respectivamente). "O Brasil criou empregos. Eu nem acredito que vá continuar nesse ritmo tão acelerado. É provável que dê uma desacelerada", afirmou Guedes, em seminário virtual promovido pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

Apesar disso, Guedes diz que a perda de empregos neste ano representará cerca de 20% do resultado negativo observado em 2015 e 2016. "Nós possivelmente vamos chegar ao fim deste ano perdendo 300 mil empregos", afirmou.

Em 2015 e 2016, houve perda de 1,5 milhão e 1,3 milhão de empregos com a crise econômica vivida pelo País, respectivamente. A pouco mais de um mês para o fim do ano, Guedes defendeu calma na observação dos números da Covid-19 para analisar se o coronavírus está voltando em uma nova onda, o que poderia ter como consequência o fechamento de atividades. "Alguns dizem que a doença está voltando. Espera aí. Agora parece que está havendo um repique, mas vamos observar", disse.

"Os dados são que a doença desceu substancialmente e a economia se recuperou extraordinariamente bem. Brasil e China foram as economias que se recuperaram com mais velocidade. Vamos continuar recuperando empregos daqui até o fim do ano", disse.

Para o ministro, estaria contribuindo com a indústria nacional o patamar atual do câmbio. "O juro bem mais baixo e o câmbio la em cima. Isso está estimulando as exportações, protegendo os mercados locais contra exportações externas no meio dessa crise", disse.

Guedes afirmou que o principal desafio do ano que vem será transformar o que chamou de "recuperação cíclica baseada em consumo" em uma retomada sustentável baseada em investimentos para ampliação da capacidade produtiva e aumento da produtividade e salário dos trabalhadores.

Para isso, diz, serão necessárias as reformas como a PEC (proposta de emenda à Constituição) do Pacto Federativo, que limita despesas, e outras como a reforma tributária. 

"Vamos reduzir os impostos sobre as empresas, vamos simplificar os impostos, vamos para o imposto de valor adicionado. Então estamos no caminho certo, temos que perseverar, ter disciplina, e voltar às reformas estruturantes", disse.

O governo tenta há meses avançar em diferentes pontos da agenda econômica, mas problemas na articulação política do governo, a pandemia e as eleições travaram o avanço das pautas.

Guedes reconheceu erros do governo em um item da agenda econômica, as privatizações."O programa de privatização não andou direito. Houve obstáculos políticos e equívocos nossos dentro do próprio governo. Temos que admitir o que está errado, porque, se não, não conseguimos consertar", disse.

Em outro seminário da manhã desta segunda, ele afirmou que outros ministros não querem as privatizações. Mas não citou nomes.