OPERAÇÃO BLACK DOLPHIN

Polícia faz devassa na deep web e desarticula rede de exploração sexual infantil

Operação que faz buscas em 85 cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul

Organização criminosa atua na deep web - Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Uma força-tarefa da Polícia Federal e da Polícia Civil de São Paulo deflagrou na manhã desta quarta (25) a Operação Black Dolphin, com 219 mandados de busca e apreensão em investigação de envolvidos com tráfico e exploração sexual de crianças e adolescentes.
 
Mais de 1.100 agentes estão envolvidos na operação que faz buscas em 85 cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Há ainda dois mandados de prisão, um em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, e em uma cidade gaúcha.
 
A investigação teve início em 2018, quando a Polícia Civil de São Paulo prendeu um homem que pretendia vender a sobrinha para criminosos russos. Ele planejava levar a menina à Disney e alegar que ela teria desaparecido no parque.
 
A partir desse caso a polícia iniciou investigação de uma organização criminosa, que atua na deep web, e produz, vende e compartilha imagens de abuso sexual infantil. 
 
Os agentes fizeram infiltrações em mais de 20 comunidades da deep web e encontraram mais de 10.000 contas de e-mails atuando nas ações criminosas.
 
Em 2019, a polícia localizou o usuário que consideram ser o provável chefe da organização criminosa. Nas conversas interceptadas, ele dizia que estavam "protegidos pelo anonimato" e que as "leis brasileiras são ridículas". O criminoso disse ainda que não havia prisão no Brasil para segurá-los.
 
O usuário dizia ainda que só poderiam ser detidos na "Black Dolphin", prisão russa na fronteira com o Cazaquistão. Neste ano, o homem que usava esse usuário na internet foi identificado pela polícia. O local onde ele mora não foi informado, apenas que ele tem residência no Brasil.
 
O Ministério da Justiça mantem o Laboratório de Inteligência e Operações Cibernéticas para coletar dados na deep web que podem ajudar a identificar autores, armazenadores e consumidores de conteúdo pornográfico infantil. Segundo os responsáveis, uma das maiores dificuldades é a ausência de um perfil entre os criminosos.


Quem é pego armazenando conteúdo pode responder pelo crime em liberdade e a pena vai de um a quatro anos. A condenação fica mais dura para quem compartilha: além de inafiançável, a pessoa pode pegar de três a seis anos de prisão. Se o criminoso comercializa o conteúdo, o tempo de reclusão sobe para quatro a oito anos.
 
Identificar o predador, ou seja, quem produz esse tipo de conteúdo, é uma das partes fundamentais do trabalho, porque encontrá-lo significa localizar e resgatar crianças e adolescentes em situações de exploração sexual.