'Se morrer, quero voltar a nascer e ser Diego Armando', disse Maradona
Relembre títulos, clubes e frases marcantes do ex-camisa 10 da seleção argentina
Campeão do mundo, ídolo, apelidado de deus, polêmico e quase imparável com a bola nos pés -e uma vez, com a mão. Maradona, que morreu nesta quarta-feira (25), fez história dentro e fora de campo.
Há divergências sobre o total de gols que o camisa 10 marcou em sua carreira, mas dois deles ficarão eternamente marcados para a história. E eles aconteceram num mesmo jogo.
Na Copa de 1986, da qual seria campeão, ele marcou o que seria eleito em 2002 o "gol do século" pela Fifa, quando saiu da metade do campo driblando jogadores da Inglaterra até invadir a área e balançar as redes. Na mesma partida, protagonizou "a mão de Deus", quando marcou com a mão.
"Cale a boca, idiota, e me abrace. Cale a boca e me abrace", lembrou Maradona sobre o que disse ao companheiro Sergio Batista, quando este o questionou sobre o gol ser legal.
A seguir, lembre frases e fatos sobre a carreira do camisa 10 argentino.
Gols
Trezentos e quarenta e cinco é o número de gols contabilizados em um extenso levantamento da FutDados, considerando apenas os jogos oficiais de Maradona. O mesmo número foi publicado em um especial do jornal argentino Clarín. Mas não existe consenso. Há quem contabilize menos de 300 gols para o argentino, enquanto outros somam mais de 400.
Mais goleador
O melhor ano do craque, segundo a pesquisa, foi 1980, quando ele balançou as redes 52 vezes.
Times pelos quais mais marcou
Pelo Argentinos Jrs, onde atuou entre 1976 e 1981, fez 116 gols. Pelo Napoli, que acaba de rebatizar o estádio para homenageá-lo, foram 115 de 1984 a 1991.
Time do coração
Com o Boca Juniors, ele marcou 35 gols em duas passagens. Primeiro, ficou um ano em 1981, antes de ir para o Barcelona. Time do coraçãoVoltou em 1995, para encerrar a carreira dois anos depois.
Seleção argentina
Neste caso, a própria Fifa reconhece: foram 34 bolas na rede em 91 partidas que Maradona disputou com a camisa de seu país.
As quatro copas do mundo
Foi por muito pouco que Maradona não atuou em cinco Copas do Mundo. Na de 1978, foi cortado às vésperas do mundial, aos 17 anos, e assistiu de longe o título argentino em seu país.
1982
De lá em diante, foi às quatro Copas seguintes. O primeiro mundial de Maradona foi na Espanha, quando a Argentina buscava o bicampeonato. O camisa 10 sofreu com faltas violentas e ainda foi expulso no jogo que eliminou sua seleção, contra o Brasil, que venceu por 3 a 1.
1986
O ápice foi o título de 1986, quando também marcou, contra a Inglaterra, o gol que seria eleito pela Fifa como o mais bonito do século 20. Foi eleito o melhor jogador da edição do México.
1990
Após a redenção de 1986, Maradona voltou para a Copa da Itália, então como ídolo maior do local Napoli. Dessa vez, bateu na trave, acabando com o segundo lugar após perder para a Alemanha Ocidental.
1994
Sua despedida foi nos Estados Unidos. O camisa 10 vinha de uma suspensão de três anos por doping. Durante o Mundial, no entanto, ele foi novamente pego no exame antidoping e obrigado a deixar a delegação argentina para o país não ser desclassificado.
Os dez títulos do camisa 10
Napoli
A camisa pelo qual foi mais vezes campeão foi a do Napoli, onde conquistou duas vezes o Campeonato Italiano, uma Copa da Uefa, uma Copa da Itália e uma Supercopa da Itália.
Seleção argentina
Pela seleção principal da Argentina, venceu a Copa do Mundo de 1986 e o troféu Artemio Franchi em 1993.
Barcelona
Na equipe catalã, venceu seus três títulos num mesmo ano, 1983: a Copa da Liga, a Supercopa da Espanha e a Copa do Rei.
Boca Juniors
No time para o qual torcia, Maradona ficou apenas um ano em sua primeira passagem, mas foi suficiente para que ele conquistasse o Campeonato Argentino de 1981.Voltou ao estádio de La Bombonera em 1995, e lá encerrou a carreira em 1997, sem mais títulos.
Não foi campeão pelo Argentino Juniors, pelo Sevilla e pelo Newell's Old Boys
Entre os maiores da história
France Football
A revista francesa elegeu Maradona o segundo maior jogador do século 20 em 1999, ficando atrás apenas de Pelé.
Fifa.
A entidade máxima do futebol mundial também elegeu os maiores do século 20, mas em duas votações separadas, uma com voto de membros da Fifa, jornalistas e treinadores, outra com escolha dos internautas. Maradona ficou em primeiro para os fãs, mas em quinto entre no outro pleito, vencido novamente por Pelé.
1986
Na temporada em que venceu a Copa do Mundo, o camsia 10 foi eleito pela revista World Soccer como o melhor do ano. Também foi escolhido como o melhor daquele mundial.
Frases marcantes
O segundo pai, Fidel Castro
"Foi como outro pai para mim. O único comandante. Ao fim da Copa, vou à Cuba para me despedir de um amigo. Ele [me] abriu as portas de Cuba quando na Argentina as fecharam"
Afirmou ao canal TyC Sports, dias depois da morte de Fidel
La Mano de Dios
"O idiota do Checho [Sergio Batista] me disse: 'mas você marcou com a mão'. 'Cala a boca, idiota, e me abrace. Cala a boca e me abrace!' E ai todos [os companheiros] começaram a me abraçar. [Jorge] Valdano me disse: 'não me diga que foi com a mão, para mim você tem que dizer'. E respondi, 'depois te conto, Valdano. Pare de se preocupar!"
Recordando o gol marcado com a mão, contra a Inglaterra
A vingança da Guerra das Malvinas
"Derrotamos um país. Dissemos que o esporte nada tinha a ver com as Malvinas, mas sabíamos que, na guerra, morreram muitos argentinos, baleados como pássaros. Aquilo era a vingança"
Escreveu em sua autobiografia, "Eu sou Diego", sobre a vitória contra os ingleses em 1986, primeiro duelo entre os países após a guerra
O maior erro
"Foi o maior erro da minha vida [...] A droga é o maior problema, a droga te mata. Me considero sortudo por poder falar sobre isso. Se tivesse seguido de outra forma, agora com esta idade eu já estaria morto"
Afirmou em 2017 ao canal italiano Mediaset Canale 5 sobre a primeira vez que consumiu drogas, com 24 anos e em Barcelona
Idolatria
"Às vezes nos perguntamos se as pessoas continuaram gostando de mim, sentindo o mesmo... quando entrei no estádio do Gminasia [como treinador] no dia da apresentação, senti que o amor das pessoas nunca vai acabar"
Em entrevista ao jornal Clarín, durante a pandemia
Morte
"Se morrer, quero voltar a nascer e quero ser jogador de futebol. E quero voltar a ser Diego Armando Maradona. Sou um jogador que deu alegria às pessoas e isso me basta e sobra"
Em entrevista à imprensa argentina, em 1992