Maradona

Imprensa exalta Maradona, um ícone entre o "gênio" e o "pecado"

La Gazzetta dello sport trouxe na primeira página 'a morte do deus do futebol' em uma foto do craque beijando a taça da Copa do Mundo

Maradona completa 60 anos de idade - Jorge Duran/AFP

"Eu vi Maradona": a imprensa europeia e de todo o mundo cobrem suas capas com uma fita preta e a camisa argentina em homenagem nesta quinta-feira a Diego Maradona, que morreu na quarta-feira, exaltando o seu "mito, seu caráter, sua imortalidade".

Na Itália, o jornal esportivo La Gazzetta dello sport evoca na primeira página "a morte do deus do futebol" em uma grande foto do craque argentino beijando a taça da Copa do Mundo, em referência a uma famosa canção dos torcedores napolitano: "Ho visto Maradona "(Eu vi Maradona).

O jornal publicou mais de 20 páginas de memórias para relembrar as façanhas e os excessos do "Pibe de Oro". "Napoli chora. Adeus Diego, mas nada acaba. Nada e ninguém poderá quebrar o laço que o unia a esta cidade e seus habitantes", escreve a Gazzetta. 

"Ninguém defendeu Nápoles como ele", afirma Il Mattino, o jornal da região de Nápoles. "Nápoles torna-se o túmulo de Maradona", acrescenta a publicação, que destaca "os destinos paralelos de Maradona e Nápoles, entre o amor e a anarquia". 

"O deus da bola" é a manchete do Il Fatto Quotidiano, enquanto Il Messagero fala "da auréola e dos pecados" de um homem que conheceu "os excessos, o submundo e o trono".

"Deus está morto"

O jornal esportivo francês L'Equipe tem como título de página inteira "Deus está morto", inclusive mudando a cor de seu logotipo para o azul-celeste da bandeira argentina. Na Espanha, o Marca está de luto em sua tradicional faixa vermelha. Cada página traz o número 'N.10', que o gênio argentino usava em sua camisa. 

Na capa, uma grande foto de Maradona vem acompanhada de uma frase que define "seu mito, seu caráter, sua imortalidade", segundo o Marca: "Se eu morrer, quero renascer e quero ser jogador de futebol. E quero ser Diego Armando Maradona de novo. Sou um jogador que faz as pessoas felizes, isso para mim dá e sobra".

O Mundo Deportivo, o jornal esportivo catalão, dedicou, por sua vez, um dossiê especial de 15 páginas à morte do ex-jogador do Barcelona e "ídolo planetário", recordando uma citação do argentino ao imaginar o que diria a si mesmo no dia da sua morte : "Uh, o que eu diria? Obrigado por jogar futebol porque é o esporte que me deu mais alegria, mais liberdade, é como tocar o céu com as mãos. Obrigado à bola. Sim, colocaria uma lápide que diz: obrigado à bola".

"Armadilhas à parte"

"O ídolo que tocou o céu", destaca o jornal espanhol El Mundo. "Morre Maradona, um deus do futebol", acrescentou El País, o principal jornal espanhol. Até a Inglaterra, onde Maradona deixou uma imagem polêmica por seu famoso gol com a mão contra os ingleses nas quartas de final da Copa do Mundo de 1986 ("a mão de Deus", segundo Maradona), exalta a genialidade do craque argentino, campeão mundial naquele ano. 

"Adeus a um gênio do futebol que dominou uma Copa do Mundo como ninguém", afirma o Guardian, que nas páginas internas fala sobre "o Messias: um prodígio que cumpriu sua profecia".  

"Armadilhas à parte - se você gosta de futebol, então você gosta de Diego Maradona", escreve, por sua vez, o prestigioso The Times, reproduzindo a crônica da famosa partida Argentina-Inglaterra de 1986, entre sua "mão de Deus" e seu segundo gol depois de driblar vários jogadores ingleses. 

"O gol que seguiu a mão de Deus é talvez o feito individual mais bonito já visto em uma Copa do Mundo, e a razão pela qual o gênio de Maradona sobreviverá a ele", conclui o Daily Mail.