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Sarkozy chama de 'infâmias' acusações em processo por corrupção na França

Adiado na semana passada, o julgamento começou com a denúncia da advogada do ex-presidente

Nicolas Sarkozy - Lionel Bonaventure/AFP

O julgamento do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy por corrupção e tráfico de influência recomeça nesta segunda-feira (30), após um falso início na semana passada.

Em suas primeiras declarações perante o juiz, Sarkozy afirmou: "Não aceito nenhuma das infâmias, pelas quais me perseguem há seis anos".

Adiado na semana passada, o julgamento começou com a denúncia da advogada do ex-presidente, Jacqueline Laffont, dos "inúmeros desvios" e "violações graves" do direito de Sarkozy à defesa, o que "anula todo procedimento", segundo Laffont.

Tudo estava pronto no tribunal de Paris em 23 de novembro para a abertura deste julgamento sem precedentes. Um dos três réus, Gilbert Azibert, pediu um adiamento, alegando que sua saúde estava em risco com a pandemia de coronavírus.

Depois de ordenar um exame médico que determinou que sua condição é "compatível" com seu comparecimento, o tribunal rejeitou sua demanda, na quinta-feira passada, convocando esse ex-magistrado sênior de 73 anos a estar "pessoalmente" na audiência desta segunda.

"O tribunal adotou sua decisão, que se impõe", registrou em ata o advogado Dominique Allegrini, ao final da audiência, perante a imprensa. 

A 32ª Câmara Correcional está programada para começar às 13h30 (9h30 em Brasília) a análise deste caso inédito. É a primeira vez que um ex-chefe de Estado é julgado na França por corrupção. 

Antes de Nicolas Sarkozy, de 65 anos, apenas Jacques Chirac foi condenado em 2011 pelo caso de empregos fantasma na prefeitura de Paris, quando era prefeito, embora nunca tenha comparecido ao tribunal por questões de saúde. 

Sarkozy, presidente entre 2007 e 2012, compareceu na segunda e quinta-feira.

"Não tenho a intenção de deixar que me condenem por coisas que nunca fiz", declarou, antes do julgamento, descartando que tenha sido "corrupto" e denunciando um "escândalo".

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Aposentado da política desde sua derrota nas primárias de direita em 2016, embora continue a manter sua influência no partido conservador Os Republicanos, Nicolas Sarkozy pode ser condenado a dez anos de prisão e a pagar uma multa de um milhão de euros por corrupção e tráfico de influência. O mesmo vale para os demais réus, acusados de violação do sigilo profissional. Todos rejeitam as acusações.

Neste caso específico, Sarkozy é suspeito de ter tentado corromper, junto com seu advogado Herzog, Gilbert Azibert, quando ele era juiz do Supremo Tribunal da França.

Segundo a denúncia, o ex-presidente tentava obter informações protegidas por sigilo, e influenciar o processo aberto nessa alta instância judicial relacionado ao caso Bettencourt.

Em troca, teria ajudado Gilbert Azibert a obter uma posição de prestígio a que aspirava em Mônaco.

Conhecido na França como o escândalo das escutas telefônicas, este caso surgiu por outro que há anos afeta Sarkozy, o das suspeitas de financiamento da Líbia a sua campanha presidencial de 2007.

No âmbito dessas investigações, os juízes descobriram, em 2014, a existência de uma linha telefônica oficiosa entre o antigo presidente e seu advogado Thierry Herzog, aberta em nome de "Paul Bismuth" - nome de um velho conhecido de Herzog.

As conversas interceptadas nesta linha secreta estão no centro do caso. Para a acusação, são a prova de um "pacto de corrupção". A defesa diz se tratar de uma escuta "ilegal", alegando que violou o sigilo entre um advogado e seu cliente.

Este assunto, pelo qual o Tribunal Supremo se pronunciou a favor de Sarkozy em 2016, voltará a ser debatido a partir desta segunda.