Música

Dia Nacional do Samba é celebrado nesta quarta-feira (2)

Ritmo perpassa gerações e se consagra a cada ano

Belo Xis, sumidade no samba pernambucano, abrilhanta o palco com performances e composições há 45 anos - Eric Gomes

O samba é brasileiro ou o brasileiro é o próprio samba? Ambas afirmações têm o sentido de tanto faz. O samba tem a cara do Brasil. O ritmo, que saiu das periferias tomou conta do País, e tem seu dia comemorado nesta quarta-feira (2), acabou se tornando mais que um gênero musical, transformando-se em um fenômeno social. 

A data, apesar de não oficial, é celebrada em muitos estados, principalmente no Rio de Janeiro e na Bahia, onde projetos de lei foram aprovados, desde a década de 1960, perpetuando, assim, um dia exclusivo para este artefato cultural tradicional, que representa a nação perante o mundo. 

Surgido no século XIX, a partir dos antigos batuques trazidos pelos africanos que vieram escravizados para o Brasil, o ritmo consolidou-se no Rio de Janeiro, embora tenha sido na Bahia, segundo relatos históricos, que o samba tenha sido criado. Com raízes negras e, geralmente, associado a elementos religiosos, um tipo de ritual era feito através dessa música e sua dança. 

Democrático até na hora de ser reproduzido, o samba pode ser acompanhado ao som das palmas. Tradicionalmente, é tocado por instrumentos de corda e percussão, como cavaquinho, violão, pandeiro, surdo e tamborim. Com sua popularização pelo Brasil, outros sons foram introduzidos e novos segmentos a partir dele foram criados.  

O samba-enredo e as marchinhas engrandecem as escolas de samba e os blocos carnavalescos. O de gafieira enfeita e anima os salões de dança. O partido alto mistura improviso e a dança, e se aproxima do samba raiz. Entre suas muitas vertentes, o pagode, com um tom mais eletrônico, ganhou força e tornou-se destaque entre os filhos 'mais novos' do gênero. Apesar das particularidades, cada desdobramento tem características fiéis ao gigante que os gerou. 

Nomes como Cartola, Noel Rosa e Pixinguinha foram alguns dos responsáveis por dar voz ao som que prolifera até os dias atuais. Sucessos como “Vou festejar”, na voz de Beth Carvalho, e “Não deixe o samba morrer”, na de Alcione, estão marcados na memória de qualquer brasileiro. Dividir a mesma época com estrelas como Arlindo Cruz, Jorge Aragão e Fundo de Quintal é um privilégio, assim como também acompanhar os novos nomes que surgem e mantêm a hegemonia do samba no patamar que sua trajetória merece, como Xande de Pilares, Diogo Nogueira, Maria Rita, entre outros.  

Pernambuco 

Engana-se quem acha que Pernambuco é apenas a terra do frevo. Aqui, o samba ocupa um largo espaço, seja no cotidiano ou no Carnaval, inclusive, a Capital pernambucana adotou o dia 2 de dezembro também como Dia Municipal do Samba. 

Se nas décadas de 1960 e 1970 intelectuais travavam uma guerra com as agremiações e as escolas de samba do Carnaval do Recife, julgando ser uma traição às tradições do Estado, atualmente, um polo exclusivo de samba no carnaval, ascende ainda mais a democratização da folia momesca em nossa cidade. “Pernambuco é um dos cernes do samba do Brasil, mas foi uma construção de longas datas. O polo do samba enaltece esse impulso. A força é tão grande que precisou de um espaço só pra ele”, contou um dos símbolos do ritmo no Recife e o homenageado do Carnaval 2019, Belo Xis.  

A sucessão do samba recifense vê como estímulo os espaços e públicos que, cada vez mais, os abrigam. “Além do amor pelo que faço, o que me deixa mais entusiasmada é ver a alegria, a satisfação e a fidelidade do público recifense a cada show”, explicou Dinah Santos, voz feminina da nova geração que propaga o ritmo.  

A voz da periferia ecoa seja em bares, seja em festas, seja em pequenos projetos, ou em grandes festivais como o “Samba Recife”, que enaltecem a força do ritmo no Estado, espaço em que artistas locais e nacionais disseminam com louvor o gênero que representa a raiz e a identidade do povo brasileiro.