VIOLÊNCIA

Menina de 5 anos é estuprada e morta no AM; adolescente suspeito é apreendido

Em seu depoimento, o adolescente disse que sua intenção era se relacionar com a mãe da menina, mas como ela estava acompanhada, ele decidiu levar uma das filhas dela

Indígenas da tribo sateré-mawe organizaram um ato cobrando por justiça no caso de Ana Beatriz - Reprodução / Twitter

Um adolescente de 16 anos confessou ter sequestrado, estuprado, estrangulado até a morte e ocultado o corpo de uma menina indígena de 5 anos da etnia sateré-mawé, na comunidade Vida Nova 2, zona rural do município de Barreirinha, interior do Amazonas, na noite de 22 de novembro.



Ele foi apreendido dois dias depois dos fatos e, no sábado (28), teve a transferência para a UIP (Unidade de Internação Provisória), em Manaus, determinada pela justiça estadual, uma vez que o município, de pouco mais de 32 mil habitantes, não possui centro socioeducativo. O corpo da menina foi encontrado no dia seguinte à morte.

Alegando estar sob efeito de álcool e de entorpecentes, o adolescente contou à polícia que, na noite de domingo (22), saiu de uma festa na comunidade Ponta Alegre, que fica próxima à comunidade Vida Nova 2, e invadiu a casa onde a criança vivia com a mãe e a avó –para quem o jovem já havia prestado serviços domésticos– sem ser notado, uma vez que todos estavam dormindo, por volta de 23h.

Em seu depoimento, o adolescente disse que sua intenção era se relacionar com a mãe da menina, mas como ela estava acompanhada, ele decidiu levar uma das filhas dela. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, o adolescente relatou que saiu com a menina, ainda adormecida, nos braços, colocou a criança em uma canoa e a levou para um local afastado, onde a estuprou, estrangulando-a até a morte em seguida.

"Ainda em depoimento, o adolescente disse que a criança desmaiou durante o ato sexual", diz um trecho da nota da SSP-AM, a partir de informações sobre o depoimento do garoto repassadas pelo gestor da Delegacia Interativa de Polícia de Barreirinha, investigador Eneas Cardoso.

De acordo com o investigador, o adolescente tentou ocultar o cadáver da menina enterrando-o parcialmente em uma cova rasa, mas acabou detido depois de ser denunciado à polícia por outros moradores, que o identificaram por causa de uma camisa, que ele deixou cair na casa da vítima quando invadiu o local.

Apreendido por ato infracional análogo aos crimes de estupro, homicídio qualificado e ocultação de cadáver, o adolescente contou três versões diferentes para o crime, segundo o investigador. Em uma delas ele apontou o envolvimento de dois homens, que chegaram a ser detidos, mas foram soltos por falta de provas, após o adolescente afirmar, em outro depoimento, que se tratava de uma falsa acusação que ele teria feito por medo.

Cardoso disse, por meio da assessoria de imprensa da Polícia Civil, que a investigação apontou o adolescente como único autor do delito e que o inquérito policial já foi finalizado e encaminhado à Justiça, assim como o adolescente apreendido.
A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Amazonas (Sejusc) informou que o adolescente está na UIP desde sábado, mas que não pode informar detalhes porque o caso tramita em segredo de justiça, como determina o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

O adolescente apreendido pelo estupro e homicídio da menina indígena em Barreirinha tem o mesmo perfil da maioria das 83 crianças e adolescentes internados nos cinco espaços socioeducativos do governo do Amazonas. A maioria são meninos –76, ante 7 meninas– de entre 16 e 17 anos. Os dados são da Sejusc, que informou que os principais atos infracionais porque estão internados são roubo e tráfico de drogas.