Coronavírus

Êxito de vacinas contra a Covid-19 depende do combate à desinformação, diz Cruz Vermelha

Cada vez mais pessoas acreditam que o vírus não pode infectar jovens ou que a doença não existe ou que já desapareceu

Vacina Sputnik V - Natalia Kolesnikova/AFP

As vacinas contra a covid-19 serão um sucesso se a desinformação e a desconfiança forem combatidas ao mesmo tempo, afirmou o presidente da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), Francesco Rocca, nesta segunda-feira (30). 

"Advertimos contra qualquer sugestão de que uma vacina por si só seja suficiente para acabar com esta pandemia. Para superá-la, devemos também superar a pandemia paralela da desconfiança", ressaltou Rocca em uma entrevista coletiva virtual. 

Antes de uma cúpula de líderes mundiais organizada na quinta e sexta-feira pela Assembleia Geral da ONU, o presidente da FICV disse que estava particularmente preocupado com as dúvidas crescentes no mundo em relação às futuras vacinas. 

"De acordo com um estudo recente da Universidade Johns Hopkins em 67 países, a aceitação de uma vacina diminuiu significativamente na maioria dos países entre julho e outubro", observou ele. 

"O Japão passou de 70% para 50% de aceitação, a França de 51% para 38%", acrescentou. 

Mas a desconfiança não é exclusiva dos países ricos, acrescentou, referindo-se em particular a oito países africanos (República Democrática do Congo, Camarões, Gabão, Zimbabué, Serra Leoa, Ruanda, Lesoto e Quênia). 

Nestes, "vimos recentemente uma queda constante na percepção das pessoas sobre o risco de infecção e a gravidade da doença", afirma Rocca.

Cada vez mais pessoas acreditam que o vírus não pode infectar jovens ou que a doença não existe ou que já desapareceu. 

"Não é apenas uma questão de desconfiança, é também uma questão de informação", apontou. 

"Ainda existem comunidades em todo o mundo que não estão cientes da pandemia", comentou. 

"Por exemplo, no Paquistão, 10% das respostas a um estudo da IFRC desconheciam a existência da covid-19", acrescentou Rocca, sem especificar o número de pessoas questionadas.