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Sem citar Doria, Pazuello diz que cabe ao ministério planejar vacinação contra Covid-19 no país

A declaração foi dada após lançamento de programa para capacitação de agentes de saúde

Eduardo Pazuello, ministro da Saúde - Alan Santos/PR

Sem citar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que anunciou um plano de imunização contra a Covid-19 nesta semana, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta terça-feira (8) que cabe ao Ministério da Saúde planejar a vacinação no país. Ele disse que não se pode "dividir o Brasil em um momento difícil".

A declaração foi dada após lançamento de programa para capacitação de agentes de saúde, no Palácio do Planalto. "O Brasil é um país continental, lar de milhões de brasileiros e brasileiras cheios de sonhos, projetos e esperança. E esperança é tudo que todos os brasileiros desejam nesse momento uma vacina que seja, comprovadamente segura, eficaz e com total responsabilidade com você e com a sua família", disse. "Compete ao Ministério da Saúde realizar o planejamento e a vacinação em todo o Brasil. Não podemos dividir o Brasil num momento difícil que todos nós passamos."

Além do ministro, o presidente Jair Bolsonaro também respondeu de forma indireta ao governador de São Paulo. Em mensagem, nas redes sociais, ele afirmou que o governo federal irá proteger a população e não usá-la "para fins políticos, colocando sua saúde em risco por conta de projetos pessoais de poder".

"O Brasil disponibilizará vacinas de forma gratuita e voluntária após comprovada eficácia e registro na Anvisa. Vamos proteger a população respeitando sua liberdade, e não usá-la para fins políticos, colocando sua saúde em risco por conta de projetos pessoais de poder", escreveu.

No pronunciamento, Pazuello disse também que foi assinado o termo de intenção de compra do imunizante da Pfizer, em um total de 70 milhões de doses, e que a previsão é que elas comecem a ser entregues em janeiro.

Segundo o ministro, o país terá ao menos 300 milhões de doses de vacinas a partir do ano que vem. São 100 milhões da AstraZeneca/Universidade de Oxford, 160 milhões dessa vacina a serem produzidas pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e mais 40 milhões do consórcio internacional Covax Facility.

A vacina da Pfizer é a que começou a ser usada para imunizar a população do Reino Unido, o primeiro país ocidental a iniciar o processo. Na semana passada, a imunização havia obtido autorização para uso emergencial.

O ministro voltou a afirmar que apenas vacinas com o registro na Anvisa poderão ser aplicadas na população brasileira. Pazuello também afirmou que toda e qualquer imunização certificada pela agência será incorporada ao plano nacional.

"Vale ressaltar que qualquer vacina aprovada e certificada pela Anvisa será comprada pelo Governo Federal e distribuída para toda a população que desejar ser vacinada", afirmou.

O ministro da Saúde também defendeu a ciência para nortear as decisões referentes à vacina contra a Covid-19. O governo Bolsonaro, no entanto, mantém a defesa da hidroxicloroquina, medicamento sem comprovação científica para tratar a Covid-19

"Mais uma vez afirmo. Tudo está sendo feito de acordo com os ritos científicos e seguindo os protocolos da agência reguladora Anvisa, a qual respeitamos e que representa legalmente a autoridade no assunto. Qualquer descumprimento aos procedimentos estabelecidos pode colocar em risco a saúde da população", disse.

"Eu tenho família, filhos, amigos e milhares de brasileiros sobre a minha responsabilidade. Responsabilidade esta que me faz todos os dias, trabalhar incansavelmente com todo o meu secretariado e demais servidores para obter uma vacina eficaz para o povo da nossa nação".

A fala do ministro acontece no mesmo dia em que se reuniu com governadores, que cobravam um programa abrangente e transparente de vacinação. Mais especificamente, os governadores desejavam que todas as vacinas fossem integradas ao programa de imunização.

Durante a reunião, Pazuello informou que são necessários 60 dias para a liberação de vacinas no Brasil, o que provocou a reação do governador João Doria (PSDB). Os dois chegaram a bater-boca.

Na segunda-feira, Doria havia anunciado o início da vacinação no estado de São Paulo para o dia 25 de janeiro, usando a Coronavac -imunizante fruto da parceria entre o Instituto Butantan e a chinesa Sinovac.

Governadores que se encontraram com Pazuello relataram que o governo federal deve apresentar nesta quarta-feira (9) um plano logístico para a vacinação da população contra a Covid-19. O compromisso assumido pelo ministro é de mostrar como será feita a distribuição das doses em todo o território nacional.

Segundo revelou o jornal Folha de S.Paulo, a ideia é que o ministro detalhe os preparativos para a compra de seringas e de ultrarrefrigeradores, necessários para o armazenamento de imunizantes como o da Pfizer e da Moderna em temperaturas baixíssimas.

Pazuello afirmou em reunião virtual com governadores de estado que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve demorar 60 dias para aprovar o uso de qualquer vacina contra a Covid-19.

No encontro, que foi tenso, ele bateu boca com Doria sobre a falta de interesse do governo federal na Coronavac. O imunizante chinês será produzido pelo Instituto Butantan.

No Congresso, em audiência que debate as medidas de enfrentamento à Covid, o presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, disse que é possível começar a vacinação quase imediatamente após um registro emergencial da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Murillo disse acreditar que, dependendo do avanço das conversas e das análises pelos órgãos brasileiros, o processo de vacinação possa ter início em janeiro. Também afirmou que a empresa tem contêineres portáteis capazes de transportar as vacinas na temperatura necessária (-70ºC) e armazená-las por até 30 dias.

O ministro participou de evento sobre a capitação de agentes no Palácio do Planalto. A meta do governo é capacitar em 35 semanas cerca de 381 mil profissionais de saúde em todo o país. O esforço é para ampliar o serviço de atenção primária na redução dos indicadores de doenças de baixa complexidade.

"Isso tem como objetivo antecipar a identificação de doenças, evitando que elas se agravem", disse Pazuello. "Esse programa permite levar o SUS [Sistema Único de Saúde] às casas das pessoas, às famílias brasileiras", afirmou.

Entre a reunião com governadores e o pronunciamento, o ministro participou do lançamento do programa Saúde com Agente, um curso de formação de agentes comunitários de saúde para atendimento em domicílio.

A meta do governo é capacitar em 35 semanas cerca de 381 mil profissionais de saúde em todo o país. O esforço é para ampliar o serviço de atenção primária na redução dos indicadores de doenças de baixa complexidade.

"Isso tem como objetivo antecipar a identificação de doenças, evitando que elas se agravem", disse o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. "Esse programa permite levar o SUS (Sistema Único de Saúde) às casas das pessoas, às famílias brasileiras", acrescentou.