Coronavírus

Programa quer fomentar startups para solucionar problemas da pandemia na África

A ideia é que empreendedores da Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe proponham e desenvolvam ideias

Profissionais preparam corpos de vítimas da Covid-19 em Soweto na África do Sul - Marco Longari/AFP

Um hackathon organizado pela Fábrica de Startups, hub de inovação do Rio de Janeiro, em parceria com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) está buscando soluções inovadoras para resolver problemas sociais desencadeados pela pandemia em países africanos de língua portuguesa.
 
A ideia é que empreendedores da Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe proponham e desenvolvam ideias para problemas enfrentados em seus países, como, por exemplo, ajudar trabalhadores informais a retomarem atividades ou digitalizar processos de governança.
 
Bilhões de pessoas no mundo perderam suas fontes de renda durante a pandemia, o que eleva a desnutrição nos países mais pobres. Segundo o Banco Mundial, no próximo ano, a pandemia poderá levar 150 milhões de pessoas à pobreza extrema.
 
Presidente-executivo da Fábrica de Startups, Hector Gusmão diz que as ideias surgidas com o hackathon podem estar focadas nas áreas da saúde, educação ou mobilidade, entre outras. "São mercados com problemas enormes, mas cujas soluções têm tudo para serem escaláveis", afirma.
 
A partir de fevereiro, os participantes serão separados em equipes, que trabalharão de forma online durante seis dias, participando virtualmente de workshops de design thinking, metodologias de inovação e mentoria. Ao final deste período, as equipes vão apresentar as soluções pensadas para uma banca julgadora.
 
Os candidatos cujas ideias forem aprovadas serão convidadas para uma aceleração, em que receberão suporte e mentoria para saírem do papel. A duração dessa etapa do processo será de três meses.
 
O plano é que as futuras startups sejam conectadas a investidores no momento adequado em que seus modelos já estiverem desenvolvidos.
 
Segundo Gusmão, os organizadores buscam quatro perfis entre os participantes: pessoas mais voltadas para negócios, que serão os presidentes-executivos dessas novas startups, outras com experiência em design e marketing, um terceiro perfil com foco em tecnologia e, por último, um mais generalista, que conheça os desafios e mercados trabalhados.


"É um programa de fato inédito e com poder de impacto gigante nessas comunidades, além de conectar o Brasil com os países de língua portuguesa. Vamos acompanhar toda a jornada para que esses empreendedores consigam mergulhar nos problemas, proponham soluções viáveis tecnologicamente e consigam no final sair com modelo validado e escalável, que possa se transformar em uma startup de fato", diz Gusmão.
 
"Enxergamos que empreendedorismo e inovação serão os motores de desenvolvimento e recuperação das nações. Acho que vamos conseguir deixar como legado um ecossistema mais maduro de empreendedorismo nesses países."
 
Mais de 15 organizações, entre incubadoras, centros tecnológicos e universidades são parceiras da iniciativa, batizada de e-Voluir.
 
As inscrições estarão abertas no site criado para o programa a partir da próxima segunda-feira (14) até o dia 7 de fevereiro. O processo será totalmente financiado pelo Pnud em Guiné-Bissau. Para o representante do órgão no país, Tjark Egenhoff, a parceria será também essencial para fomentar o ecossistema de inovação.
 
"Este não é só um evento isolado, mas sim um convite para repensar, desde a perspetiva da geração jovem interconectada e do espaço digital, como fazer a diferença na busca por soluções para revitalização econômica e social de seus países", diz.
 
Durante a pandemia, o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional), prometeram dar apoio aos países pobres. Seus economistas alertaram sobre a necessidade de essas instituições liberarem ajuda financeira para evitar uma catástrofe humanitária, mas o apoio dado não foi considerado significativo.