ONU: redução de emissões na pandemia é insuficiente para metas do Acordo de Paris
Seria necessário reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 7,6% ao ano, todos os anos de 2020 a 2030, de acordo com a ONU
A previsão de aquecimento do planeta continua sendo superior aos 3ºC, bem distante, portanto, dos objetivos do Acordo de Paris sobre o Clima, apesar da redução das emissões de dióxido de carbono durante a pandemia de coronavírus - alertou a ONU nesta quarta-feira (9).
Três dias antes de uma cúpula que pretende dar um novo impulso aos compromissos internacionais para manter o aquecimento global abaixo de 2°C e, se possível, de 1,5°C, em comparação com a era pré-industrial, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) volta a lançar uma mensagem de alerta.
Em seu relatório anual, no qual compara as emissões reais dos gases causadores do efeito estufa com as compatíveis com os objetivos de Paris, o PNUMA adverte que a reativação após a retração econômica, devido ao novo coronavírus, terá de ser "muito ecológica" para se evitar o pior.
Para manter a esperança de limitar o aquecimento global a 1,5°C, seria necessário reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 7,6% ao ano, todos os anos de 2020 a 2030, de acordo com a ONU.
Essas emissões aumentaram em média 1,5% ao ano na última década, alcançando um recorde em 2019 (59,1 gigatoneladas, ou bilhões de toneladas, ou +2,6% a mais do que em 2018).
A pandemia da covid-19, que paralisou grande parte da economia mundial e das atividades humanas por vários meses, provocou uma forte queda nesse sentido. E, com isso, espera-se que as emissões destes gases diminuam 7% em 2020.
Esse fenômeno terá, no entanto, um efeito insignificante no longo prazo, alertam os especialistas da ONU. Com a desaceleração econômica registrada no referido intervalo, teria-se evitado em torno de 0,01ºC de aquecimento para 2050.