Fotografia

Socioeducandos da Funase participam de exposição fotográfica sobre heranças negras

Ação foi desenvolvida por escolas da Zona da Mata abrangendo adolescentes de unidade socioeducativa em Vitória de Santo Antão

Exposição “Heranças Negras: Retratos” - Reprodução/Instagram

Adolescentes em cumprimento de internação na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) participaram de uma exposição fotográfica virtual disponível para o público no Instagram. Intitulada “Heranças Negras: Retratos”, a mostra teve o objetivo de lançar um olhar sobre ancestralidades a partir das percepções de estudantes e servidores de escolas públicas estaduais. A atividade foi proposta em alusão ao Dia da Consciência Negra, celebrado em novembro. As imagens foram reunidas e estão disponíveis na página da GRE Mata Centro no Instagram.

A realização do projeto foi feita por pessoas que trabalham ou estudam na área sob jurisdição da Gerência Regional de Educação (GRE) Mata Centro, vinculada à Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. Uma das unidades participantes foi a Escola Estadual Professora Amélia Coelho, que, além de alunos não privados de liberdade, também tem como estudantes regulares adolescentes em medidas socioeducativas por meio de um anexo que funciona dentro do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Vitória de Santo Antão, vinculado à Funase. O projeto interdisciplinar foi idealizado pela GRE Mata Centro, aplicado de forma remota pelos professores da escola Amélia Coelho e realizado, in loco, pela equipe da Funase junto a oito socioeducandos negros e não negros.

“Quisemos mostrar que eles, enquanto alunos regulares da escola, nessa condição de privados de liberdade na Funase, também podem refletir sobre temas tão importantes para a sociedade. Os protestos recentes no Brasil e no mundo geraram uma imagem e uma acústica para orientar o projeto com o que foi proposto pela escola e o envolvimento dos agentes socioeducativos na realização”, enfatizou o gerente do Case Vitória, Abinoan Barboza. 

A participação dos estudantes da Funase preservou rostos e nomes, conforme previsto na legislação específica para esse público. “Procuramos retratar religião e amor, braços unidos e contemplando o céu e a literatura de Machado de Assis. Acredito que isso conduziu para o percurso desejado, que foi refletir sobre a herança dos povos africanos e a importância dos elementos da cultura negra no cotidiano brasileiro”, relata a agente socioeducativa Niedja Ferreira, orientadora dos socioeducandos na atividade.

O adolescente W.B.S., de 17 anos, há oito meses na Funase, é um dos que aparecem posando para as imagens. Para ele, o principal ponto positivo foi materializar na pele, por meio de olhares fotográficos, parte das discussões feitas sobre o assunto no ambiente escolar e na sociedade. “Mesmo sem as aulas presenciais com os professores, a gente está tendo várias atividades nessa pandemia. Gostei de poder pensar sobre essa questão dos negros. Foi de uma forma prática, com a gente participando”, comentou.