Tuca Siqueira leva 'Baile do Menino Deus' para as telas
Cineasta é a diretora geral do filme, que transmite em formato audiovisual o espetáculo dirigido por Ronaldo Correia de Brito
O encontro do “Baile do Menino Deus” com o seu público, neste ano, não será no Marco Zero do Recife. Diante da impossibilidade de aglomerar milhares de pessoas em um mesmo local, o auto natalino chegará às casas dos espectadores através de um filme. A produção estreia nesta quarta-feira (23), às 20h, e fica disponível até a sexta-feira (25), no canal no YouTube e no site do espetáculo.
Criada e dirigida por Ronaldo Correia de Brito há mais de 30 anos, a tradicional ópera popular reconta o nascimento de Jesus Cristo de maneira lúdica, inserindo na história personagens da cultura nordestina. Coube à diretora Tuca Siqueira (“Amores de Chumbo” e “Fashion Girl”) a missão de transportar toda essa magia para as telas.
“Eu tinha muita familiaridade, desde criança, com as músicas todas do ‘Baile’. No entanto, nunca tinha ido assistir à montagem do Marco Zero até o ano passado. Fiquei super encantada com o que vi e voltei para casa com o coração aquecido, mas nunca imaginaria que, no ano seguinte, receberia uma ligação de Ronaldo me convidando para filmar o espetáculo”, conta a cineasta, que contou com a parceria de Pedro Sotero como diretor de fotografia.
Tuca abraçou um desafio que, desde o início, tinha como premissa, manter a estrutura da encenação como ela é vista todos os anos pelo público que lota o Bairro do Recife. “Não fui chamada para fazer uma adaptação. Como diretora de cinema, essa é uma situação muito peculiar e que exige uma delicadeza no fazer. Cenário, elenco, figurinos, encenação: tudo já estava colocado. Por isso, me vejo muito mais no lugar de tradutora, de levar transmitir para o cinema a intenção desses artistas em cena”, explica.
Duas linguagens diferentes coexistem neste novo formato do “Baile do Menino Deus”. Para que a convivência entre teatro e audiovisual fosse harmônica, foi preciso haver diálogo entre as duas frentes de trabalho da equipe. “Houve uma simbiose e uma aproximação muito grande. Eu acompanhei cada ensaio e neles a gente trazia uma atuação que fosse um pouco mais equilibrada para a tela”, aponta.
Apesar da fidelidade ao espetáculo, o filme traz consigo algumas novidades. “A ideia é mostrar o ‘Baile’ de uma maneira como ele nunca foi visto. Colocamos a câmera em cima do palco, fazendo com que o público veja de perto os artistas e dance junto com os personagens. Também há projeções, que no formato presencial não são possíveis. Acho que quem acompanha a encenação todos anos vai se surpreender”, opina.
As gravações duraram dois dias, durante o mês de novembro. Toda a equipe e os cenários foram levados para o Teatro Guararapes, no Centro de Convenções. O processo trouxe outro desafio a ser encarado pela diretora: o de filmar em meio a novos protocolos sanitários. “A gente teve a sorte de ter filmado em um intervalo de mais controle da pandemia. Ainda assim foi tenso. Contamos com uma equipe médica muito atenta, todos os artistas foram testados e existia uma série de normas que a gente atendeu”, relembra.
Mesmo sem a proximidade física do ao vivo, a diretora acredita que a obra continuará levando emoção para o público. “O texto fala de portas que precisam ser abertas e, nesse momento de isolamento, ele toma outra dimensão. Estamos em um momento muito difícil de alta nos números da Covid-19. O desejo é que as famílias fiquem em casa e possam se reunir na frente da TV para assistir e compartilhar esse presente que a gente está tentando oferecer”, ressalta. Além das plataformas virtuais, o filme poderá ser visto na tela da Globo Nordeste, no sábado (26), às 14h.