Presente nas festas de final de ano, refrigerante deve ser consumido sem excessos
O consumo desenfreado da bebida pode causar vários problemas à saúde
Com a proximidade das festas de Natal e Réveillon, muitas famílias já começam a pensar na famosa ceia. Além da decoração e das comidas, é preciso também dar conta das bebidas. E em muitas casas, o refrigerante é figura carimbada nas mesas e nos copos. Bastante popular e acessível, ele precisa ser consumido com cautela para não causar prejuízos ao corpo e não atrapalhar os festejos.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, Pernambuco é o estado do Nordeste onde há maior consumo de refrigerantes. O levantamento apontou que 7,3% da população ingerem a bebida cinco ou mais vezes por semana. Uma dessas pessoas é o estudante de Engenharia Civil Eduardo Lima, de 25 anos, que se considera um viciado na bebida. “Bebo refrigerante todos os dias da semana. É raro o dia em que eu não bebo. Quando não tem refrigerante em casa, sinto falta e parece que as refeições nunca estão completas”, desabafou o estudante.
(PODCAST) Canal Saúde - Exagerar no consumo de refrigerantes impacta na qualidade de vida
A família de Eduardo tinha um bar, então desde muito cedo ele teve acesso facilitado a refrigerantes. Apesar de a bebida fazer parte do dia a dia dele, o jovem sabe que o excesso faz mal à saúde. “Tal qual um fumante, sei os malefícios do refrigerante, mas é uma coisa difícil de parar”, disse Lima.
Segundo Fábio Mesquita Moura, cirurgião do aparelho digestivo com enfoque em cirurgia do fígado, pâncreas e vias biliares, o maior problema dos refrigerantes está na quantidade de açúcar. “Todos os alimentos ricos em açúcar funcionam como fator de risco para a Doença Gordurosa do Fígado, que se caracteriza pelo surgimento de pequenos depósitos de gordura no órgão”, explicou Fábio.
Além do aumento da gordura, há outros malefícios, como-aumento do risco de hipertensão arterial, aumento do risco de diabetes, piora de osteoporose, cáries dentárias e aumento de risco de câncer, conforme menciona Carlos Henrique Tavares, clínico geral especializado em geriatria do Hospital Jayme da Fonte. “O refrigerante é uma bebida que além de não apresentar nenhum valor nutritivo, aumenta o risco de várias doenças. Interromper o hábito, além de facilitar o controle do peso, da pressão e da glicemia, aumenta a sobrevida”, enfatizou Tavares.
Eduardo já chegou a sofrer por conta dos refrigerantes, com dores e incômodos abdominais. “Já tive crises de gastrite e sofro com refluxo. Quando tenho esses problemas, diminuo o consumo e uso medicações para o estômago”, revelou. Para Mesquita, o especialista, esses são alguns sinais de que algo pode estar errado, mas que é indispensável procurar um atendimento médico para obter um diagnóstico mais preciso. “O quadro geralmente é identificado após exames de rotina, como ultrassom, que consegue definir com relativa segurança a presença de gordura no fígado, assim como dosagens sanguíneas de enzimas hepáticas”, detalhou o cirurgião.
Apesar dos prejuízos, Fábio Mesquita lembra que existe uma saída rápida para resolver os problemas. “O lado bom é que ao parar de consumir tais produtos e assumir uma dieta saudável, há reversão do quadro na imensa maioria das situações. O que podemos dizer é que a doença gordurosa do fígado é uma reação do corpo às agressões que causamos nele, e ao mudarmos nosso estilo de vida, ele também se recupera, sinalizando nosso equilíbrio orgânico”, pontuou.
Para as metas do ano vindouro, Eduardo já colocou na cabeça que uma coisa vai ficar em 2020: o refrigerante. “Eu coloquei na minha cabeça que vou parar com o refrigerante em 2021. Uma daquelas promessas que a gente faz nas viradas dos anos, mas que eu espero cumprir. Estou deixando passar as festas para não ser uma tortura, mas já no primeiro dia pretendo eliminar esse item da minha rotina”, concluiu Eduardo.
O geriatra Carlos Henrique esclarece que a atitude de largar o hábito pode ser feita de forma gradativa. “Caso uma pessoa não consiga abandonar o consumo, ela pode optar por um consumo ocasional. Substituir refrigerantes por bebidas nutritivas, como sucos e água de côco, pode ser um bom começo”, finalizou o profissional.
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