Covid fora de controle

Taxa de reprodução do coronavírus cai em Pernambuco, mas segue acima de 1, aponta comitê científico

Número, que indica falta de controle da doença, indica possibilidade de contágio a partir de pessoas contaminadas

Apesar do estado de calamidade pública por causa da pandemia, praias seguem lotadas no Estado - Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Dados do boletim do Comite Científico de Combate ao Coronavírus (C4) indicam que a taxa de reprodução (Rt) do coronavírus Sars-CoV-2 em Pernambuco caiu na comparação entre novembro e dezembro, segundo divulgou a entidade no final da noite de segunda-feira (21).

Segundo o comitê, a taxa de reprodução no Estado em 12 de dezembro estava em 1,16 - ou seja, cada 100 pessoas contaminadas podem transmitir o vírus para outras 116 pessoas. Taxas acima de 1 indicam falta de controle da disseminação. 

Em 14 de novembro, a Rt era de 1,34, o maior desde que o C4 começou a analisar os índices, em julho.

Pernambuco ainda apresenta indicadores de riscos pandêmico e epidêmico altos, segundo o comitê.


"Das 22 cidades monitoradas em Pernambuco que se encontravam em risco moderado, 21 voltaram ao nível de risco alto. No geral, todo o Estado continua em risco alto e em surto pandêmico de infecção para Covid-19 com óbitos em dezenas/dia e novos casos ultrapassando mil por dia, ambos com tendência de aumento", explicou o comitê no boletim.

O boletim também aponta que os casos ativos da Covid-19 diagnosticados em Pernambuco seguem a tendência mundial de aumento da doença, diferente do que foi visto no início da pandemia, quando Pernambuco começou a apresentar os casos semanas depois dos primeiros locais de surto, como China, Itália e Estados Unidos. 

Cidades com Rt acima de 1 por pelo menos 14 dias e taxa de ocupação dos leitos de UTI deveriam instituir o isolamento social rígido conhecido como lockdown, segundo o comitê. 

  30/07 23/08 16/09 17/10 14/11 12/12 Taxa  1,26 1,02 0,70 0,92 1,34 1,16 Variação   -19% -42% +31% +46% -13%

Comissão nacional de vacinação
O C4 indica que os governadores do País devem criar uma espécie de comissão nacional de vacinação para viabilizar as doses dos imunizantes anti-Covid para a população.

"A recomendação é que os governadores negociem com fornecedores de vacinas que tenham tido sua eficácia e segurança demonstradas em estudos clínicos de fase 3, e que  tenham sido aprovadas para uso, quer pela Anvisa, quer por instituições reconhecidas internacionalmente como o FDA americano e o CDC europeu. Dada a situação sem precedente histórico, o Comitê Científico recomenda que vacinas aprovadas por estes organismos internacionais sejam consideradas para uso emergencial na região Nordeste, mesmo antes da aprovação formal da Anvisa", explica o comitê.