Vendas natalinas não empolgam comerciantes
Instituições ligadas aos lojistas afirmam que a pandemia e a greve dos rodoviários prejudicaram as vendas deste ano
Tradicionalmente, a semana de Natal gera expectativa nos lojistas devido à injeção financeira do décimo terceiro e às compras de final de ano. A pandemia do novo coronavírus, porém, fez com que o otimismo não fosse tão grande em 2020. De acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a intenção de compras do brasileiro no Natal chegou ao menor índice da série histórica neste ano: 40,7 pontos. E esse dado já está sendo percebido nos comerciantes do Estado.
Além da pandemia, a greve dos rodoviários também foi apontada como um dos fatores que desaqueceu as compras de fim de ano, principalmente no comércio de rua. “Entre 60 e 70% dos clientes que vão ao centro para fazer compras utilizam o transporte público. Por isso acreditamos que a greve dos rodoviários prejudicou o comércio nesta véspera de Natal”, explicou o diretor executivo da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Recife, Fred Leal.
Ainda de acordo com o executivo, espera-se que as vendas do Natal de 2020 cheguem a apenas 80% das vendas do mesmo período do ano passado. “Essa não era a nossa expectativa, esperávamos vender o mesmo do ano passado. Houve uma série de fatores que prejudicaram as vendas deste ano. Além da pandemia e da greve, podemos citar também a restrição a bares, restaurantes e eventos, que é um setor que gera muito recurso, deixando de circular dinheiro”, analisou Fred Leal.
Os lojistas instalados nos shoppings centers, outro importante espaço de vendas, também não estão enxergando o período como positivo. “A situação já era prevista por causa dessa pandemia. As vendas estão fracas, o fluxo de pessoas ainda é tímido. Se a gente fizer um balanço com 2019, era para ter muito mais gente nos shoppings, com filas para entrar no empreendimento e isso não foi visto. Podemos dizer que está sendo uma semana normal de vendas”, disse o diretor executivo da Associação de lojistas de Shopping de Pernambuco, Ricardo Galdino.
Outro motivo para a diminuição no número de vendas é o fortalecimento do comércio on-line. Ricardo Galdino explicou que o e-commerce cresceu fora dos shoppings, fazendo com que a concorrência transpusesse os malls. Devido a esses fatores, a expectativa da Aloshop é de que haja uma queda acentuada no faturamento em relação ao ano passado, com as vendas representando apenas 50% do que foi vendido no mesmo período de 2019.
Em dissonância com as demais instituições, a Associação Pernambucana de Shopping Centers (Apesce) analisou o movimento que antecede o Natal como positivo. O presidente da instituição, Paulo Carneiro, se mostrou confiante. “Pelo ritmo de vendas, a expectativa de resultado é para igualar com as vendas do Natal do ano passado, o que será muito bom considerando o momento que impõe, ainda, restrições para a presença de grande parte do público consumidor”, afirmou.