Às vésperas do Ano Novo, movimento é baixo no Centro do Recife
Pandemia e última parcela do auxílio emergencial: comerciantes explicam baixo movimento para a época
O movimento intenso, o passo apressado e o barulho de vendedores deram espaço à calmaria nas ruas do Centro do Recife às vésperas do Ano Novo. Embora esteja em época favorável às vendas, o comércio da região central registrou movimentação bem abaixo do esperado pelos vendedores do local nesta segunda-feira (28). No dia do dissídio coletivo do Sindicato dos Rodoviários do Recife e Região Metropolitana - em que proibiu a retomada da greve na RMR - , e a aproximação da última parcela do auxílio emergencial, poucas pessoas foram às compras.
Por causa da pandemia, já se esperava uma redução na contratação de trabalhadores temporários, já que há uma elevação nesse tipo de admissão neste período. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), já era estimado que 70,7 mil trabalhadores fossem contratados nesta época, sofrendo uma redução de 20%em relação ao mesmo período do ano passado. As explicações são alinhadas à crise causada pela crise sanitária e a redução do quadro de funcionários durante todo o ano.
Se na carteira há uma redução, era visível a falta de clientes, também, nas principais ruas do comércio do Recife. A reportagem da Folha de Pernambuco visitou os pontos de concentração de lojistas e ouviu de comerciantes sobre o baixo movimento na Capital. Um deles foi o comerciante Jair Ferreira, que vende artigos comemorativos para o Ano Novo há 20 anos na Rua Sete de Setembro, no bairro da Boa Vista. “O Fim de Ano para mim foi um fracasso. As minhas vendas caíram 80%. Se no ano passado eu vendi 2 mil peças, neste ano não cheguei nem a 600”, conta o vendedor.
Segundo ele, a diminuição das parcelas do auxílio emergencial e o cenário de incertezas para o próximo ano têm sido os argumentos usados para a ausência de clientes antigos dele. “Isso aí realmente afetou muito. Ter ido de R$600,00 para R$ 300,00 prejudicou muito. Sem muita certeza para 2021, acaba que quem recebeu vai preferir fazer uma feirinha ao invés de comprar os artigos que comprava antes”, explica Jair.
Embora a situação presente seja melhor que no bairro da Boa Vista, os comerciantes do bairro de São José reclamaram também da queda do movimento. Como Fábio Fidélis, que tem uma loja de moda fit ao lado do Mercado de São José. “Teve uma queda semana passada, na véspera de Natal. O dinheiro do auxílio tinha dado até uma ajuda, mas agora no fim já percebemos uma diminuição”, enfatiza ele, que vende roupas de esportes e íntimas há seis anos no local.
Mudança
A época também marcou mudança de negócios para os comerciantes. Com o cancelamento de festas comemorativas, como o São João e o Carnaval, Isabel Cristina se viu obrigada a deixar o ramo de fantasias para vender roupas de moda casual. “O movimento esse ano está bem devagar, até porque nem pode. Tem as restrições de tudo por causa da pandemia, mas dá para levar. Eu vendia fantasia há sete anos já, mas tive que mudar tendo em vista que não vamos ter Carnaval”, explica a comerciante que vende de frente ao Mercado há 28 anos.