Índia abre caminho para campanha de vacinação gigante; mundo combate Covid-19
A Índia aprovou com urgência neste domingo (3) o uso de duas vacinas contra a covid-19, abrindo caminho para uma das maiores campanhas de vacinação do planeta, enquanto a União Europeia se declarou disposta a ajudar a aumentar a capacidade de produção de vacinas para combater a doença.
A Índia autorizou o uso "para situações de emergência" da vacina desenvolvida pela aliança britânica da Universidade de Oxford e AstraZeneca, assim como da empresa indiana Bharat Biotech, anunciou no domingo a autoridade reguladora de medicamentos local.
O Serum Institute of India, maior fabricante mundial de vacinas, afirmou que está produzindo entre 50 e 60 milhões de doses por mês da vacina AstraZeneca / Oxford, que é mais barata que a Pfizer / BioNTech e mais fácil de armazenar e transportar.
Este sinal verde vai permitir o lançamento de uma gigantesca campanha de vacinação neste país de 1,3 bilhão de habitantes, segundo mais afetado do mundo em número de casos (mais de 10,3 milhões) e o terceiro em luto, com cerca de 150.000 mortes. A Índia quer imunizar até 300 milhões de pessoas até meados de 2021.
- 'Um milhão por dia' -
Os Estados Unidos aumentaram o ritmo de sua campanha e poderiam chegar a aplicar 1 milhão de doses diárias da vacina, indicou à rede de TV ABC Anthony Fauci, imunologista que assessora o governo americano, reconhecendo que houve falhas no começo da campanha.
"Nas últimas horas, foram registradas 1,5 milhões de injeções, o que representa 500 mil por dia", informou à rede de TV CNN Jerome Adams, chefe do serviço público de saúde americano. Apenas 4,2 milhões de americanos receberam a primeira dose da vacina até agora, muito longe da meta do governo, de 20 milhões até o fim de 2020.
Já o Egito, país mais populoso do mundo árabe, com cerca de 100 milhões de habitantes, anunciou que autorizou o produto desenvolvido pelo laboratório chinês Sinopharm. O mundo espera que a implantação de vacinas controle uma pandemia que já ceifou mais de 1,8 milhão de vidas e infectou 84,6 milhões de pessoas desde que surgiu na China há um ano.
- Corrida pela vacina -
O mundo espera que as vacinas permitam controlar uma pandemia que já causou mais de 1,8 milhão de mortes e infectou 84,6 milhões de pessoas. Mas esse sopro de esperança foi ofuscado por "uma insuficiência global" na capacidade de produção de vacinas, reconhecida neste sábado pela União Europeia, que se disse "pronta a ajudar" a aumentá-la. “A situação vai melhorar pouco a pouco” à medida que as vacinas sejam distribuídas, disse a Comissária Europeia da Saúde, Stella Kyriakides.
O início das campanhas de vacinação na Europa foi alvo de muitas críticas por sua lentidão, principalmente na França, ou pelo fato de profissionais de saúde não serem vacinados prioritariamente, como na Alemanha. O premier da Hungria, Viktor Orban, atribuiu os problemas ao ritmo de aquisição das vacinas na UE. Esses produtos "estiveram disponíveis antes em Canadá, Reino Unido e Israel", lamentou.
O programa de vacinação começou na UE no último fim de semana, após o sinal verde das autoridades de saúde para a vacina Pfizer / BioNTech. Depois de encomendar 200 milhões de doses desta vacina em novembro, a UE exerceu uma opção de compra de 100 milhões adicionais para 2021.
Mais de 238 mil pessoas foram vacinadas na última semana na Alemanha, segundo o instituto de vigilância sanitária Robert Koch (RKI), entre elas 56.197 maiores de 80 anos. Em outros países europeus, como França e Bélgica, apenas poucas centenas de pessoas receberam o imunizante em uma semana.
Israel planeja vacinar 2 milhões de pessoas até o final de janeiro com a vacina Pfizer / BioNtech, o cronograma mais rápido do mundo, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu no domingo. Já na Rússia, mais de 800.000 pessoas já receberam a vacina Sputnik V desenvolvida nacionalmente, de acordo com as autoridades.
- Terceira onda no Japão -
A América Latina e o Caribe registraram 510.720 mortes e mais de 15,6 milhões de casos desde o início da pandemia, de acordo com um balanço da AFP neste domingo às 8h de Brasília.
No Equador, a Corte Constitucional declarou inconstitucional o estado de exceção vigente no país desde o final de dezembro em decorrência do grave aumento das infecções. O país andino, com 17,5 milhões de habitantes, tem mais de 214 mil casos de coronavírus e 14.059 mortes.
Embora os programas de vacinação devam avançar, muitos países aumentam suas restrições. O primeiro-ministro britânico Boris Johnson alertou que restrições ainda mais severas poderiam ser impostas na Inglaterra, citando o fechamento de escolas e "o impacto da nova variante do vírus", mais contagiosa. No momento, três quartos da população voltaram ao confinamento, especialmente Londres e o sudeste da Inglaterra, muito afetados pelo aumento das infecções.
Na Ásia, a pandemia também causa preocupação: com o Japão enfrentando uma terceira onda, o governador de Tóquio pediu ao governo que declarasse estado de emergência novamente, depois que a capital bateu um recorde de infecções esta semana. Já a Coreia do Sul estendeu suas restrições na área metropolitana de Seul até 17 de janeiro.