Com Marcos Majella, 'Um Tio Quase Perfeito 2' chega ao cinema com referência dos anos 1990
Longa tem Eduardo Galvão, morto pela Covid, em um de seus últimos trabalhos
Tio Tony, o trambiqueiro protagonista vivido por Marcus Majella, 41, em "Um Tio Quase Perfeito" (2017) está de volta à telona. Desta vez, mais maduro, responsável e com a vida estável. As coisas, porém, se complicam quando Ângela (Leticia Isnard), sua irmã, anuncia que vai se casar com Beto, papel de Danton Mello.
O novo personagem é adorado por todos na família, menos por Tony que fica com ciúme e tem medo de perder o seu posto de tio mais adorado dos três sobrinhos: Patricia (Julia Svacinna), João (João Barreto) e Valentina (Soffia Monteiro).
É em cima deste conflito, e dos muitos planos e armações que Tony vai fazer para tentar provar que seu rival não é tão perfeito quanto parece, que se baseia a continuação do longa.
"Um Tio Quase Perfeito 2" estreia nesta quinta-feira (7) em 1.494 salas de cinema ao redor do país. Segundo o diretor Pedro Antonio, que também dirigiu o primeiro filme, o desafio da sequência foi avançar na história, acompanhando a evolução do protagonista, mas sem deixar de ser uma produção familiar e com muito humor.
Para Leticia Isnard, a nova produção fala sobre amor e principalmente tolerância. "Tem essa mensagem de acolher o que é diferente de você, lidar com seus medos, com o ciúme, que é um grande fantasma. Às vezes, em família, a gente acha que uma pessoa que chega vai tirar o lugar do outro, e é o contrário. Acho que quanto mais amor... é que nem buraco, quanto mais cava, maior fica", diz.
A atriz destaca também que a continuação mostra essas novas configurações familiares. "Tem essa mensagem que eu acho interessante de uma mulher separada, com três filhos, encontrar um parceiro, que tope encarar esses três filhos, mais uma sogra que é também bem louca [Cecilia, interpretada por Ana Lúcia Torre], mais o Tony que é o mais louco de todos."
A obra traz também um dos últimos trabalhos inéditos de Eduardo Galvão, ator que morreu em dezembro aos 58 anos em decorrência de complicações da Covid-19. O artista faz uma pequena participação como Gustavo, ex-marido de Ângela e pai das crianças, que cai numa armação de Tony para tentar separar a irmã de Beto.
"Infelizmente, o Eduardo se foi. É uma perda muito grande. Vamos imaginar que essa continuação faz sucesso e nós vamos fazer um terceiro. É claro que ele estava nos meus planos. É o pai das crianças, é um personagem muito importante.
Tanto que nesta sequência, ele tem uma participação vital para uma virada de roteiro", afirma o diretor.
"O filme não deixa de ser uma homenagem para ele. Foi uma alegria grande ter ele nos dois longas", completa Leticia Isnard.
Referências
Diferentemente de "Um Tio Quase Perfeito", que tinha uma clara referência em "Uma Babá Quase Perfeita" (1993), as inspirações para este segundo filme são múltiplas, segundo Pedro Antonio, mas vem especialmente das produções dos anos 1990 e início dos anos 2000.
"Meus pais são do cinema, então, eu era aquela criança que via cinema mudo. Sou dos anos 1980, e comecei a ter uma relação de entretenimento com o cinema ali aos 10, 12 anos. Muitas das narrativas daquela época ficaram na minha memória e vou acessando esses lugares", diz. Como exemplo, ele cita produções de grande sucesso como "Esqueceram de Mim" (1990) e "Um Tira no Jardim de Infância" (1990).
Pedro Antonio destaca que essa referência à década de 1990 está presente atualmente também em muitas séries, como "Cobra Kai", sucesso na Netflix.
Em entrevista de divulgação da nova produção, o ator Marcus Majella afirma que fazer o tio Tony o levou a ter seu trabalho reconhecido pelas crianças também que, segundo ele, são "supercríticas e supersinceras".
O ator conta uma curiosidade sobre a preparação para o papel: ele se inspirou no próprio diretor, Pedro Antonio, que é seu amigo. "Porque ele tem esse jeito de chegar nos lugares e colocar o pé na mesa, sabe? Abre a geladeira e vê o que tem para comer. Às vezes não tem intimidade com a pessoa, mas já está abrindo a geladeira [risos]. Ele tem esse tipo. Eu pensei em usar essas características para o tio Tony e me baseei no jeito dele."
Bilheteria
Lançado em 2017, "Um Tio Quase Perfeito" teve público de 559.584 pessoas nos cinemas, e ficou em sétimo lugar entre as maiores bilheterias de filmes nacionais naquele ano -a primeira colocação ficou com "Minha Mãe É uma Peça 2", com mais de 5,2 milhões de espectadores.
A sequência do longa chega em um momento complicado à telona por causa da pandemia do novo coronavírus e das restrições adotadas nas salas de cinema para evitar a transmissão da doença.
"Um Tio Quase Perfeito 2" foi gravado no fim de 2019, antes da crise na saúde. Voltado para o público infantil e para a família, Pedro Antonio diz esperar que isso conte a favor do filme. "Ele traz um momento bom, feliz."
O primeiro filme está disponível no Globoplay e também foi exibido na Globo em novembro, na Sessão da Tarde. "Eu tenho uma expectativa positiva sobre a continuação, porque fiquei impressionada quanto o primeiro filme foi visto na pandemia. Muita gente me ligou ou comentou nas redes sociais sobre a produção", afirmou a atriz Leticia Isnard.
Para o diretor, que desenvolve outros projetos como a finalização da comédia "Tô Ryca 2" (com Samantha Schmütz), o momento é de reflexão para o setor cultural. "Acho que a indústria está passando por uma transformação, porque a sociedade está passando por uma transformação. Mas acho que a gente vai sair dessa, a vacina está chegando, as projeções estão mais otimistas, acho que o cinema vai voltar a ter força", conclui.