GENIVAL LACERDA

'Perdemos nosso rei da munganga', lamenta Maciel Melo; artistas prestam homenagens ao cantor

Artistas e amigos do cantor e compositor Genival Lacerda lamentam a perda de um dos mais irreverentes nomes da música no Nordeste

Genival Lacerda, cantor e compositor - Rafael Furtado/Arquivo Folha PE

Genival Lacerda, aos 89 anos, foi mais uma vida dentre outras milhares levadas pela Covid-19. A luta pela sobrevivência perdurou por pouco mais de um mês - desde de 30 de novembro de 2020, após internação em um hospital particular na Ilha do Leite.

Entre boletins que alternavam entre noticiar melhora e piora em seu estado de saúde, o desta quinta-feira (7) trouxe a lamentável fatalidade de que ele não havia resistido. "Hoje perdi um dos maiores amigos de minha vida, amigo da música, de ensinamentos (...)", noticiou o filho João Lacerda, em rede social.

Dos tantos amigos que deixou, uma unanimidade ao falar sobre ele: irreverência, deboche e o forró lúdico como marcas registradas de sua trajetória como artista que tão bem representou o Nordeste Brasil e mundo afora.

João Lacerda, cantor, filho de Genival
"Hoje perdi um dos maiores amigos de minha vida, amigo da música, de ensinamentos, amigo que na hora de brigar, sempre brigava e minutos depois nem lembrava que brigava, porque não guardava mágua de ninguém.

Meu Anjo da guarda, minha Luz, minha vida, hoje ele fez sua última viagem para ficar ao lado do Senhor Deus. Ainda ontem lembro-me de seu sorriso, de apertar sua mão! Agora terei de aprender a viver com sua imagem, e lembranças de um bom pai. De Vai na paz meu pai, sempre te amarei, teu João Lacerda Neto"(Via Rede Social)

 

João Lacerda prestou homenagem em Rede Social, ao pai Genival.     Crédito: Reprodução/Instagram



Maciel Melo, cantor e compositor
"Perdemos mais uma grande referência da música nordestina.  Genival era o tempero apimentado do nosso forró. Seu sarcasmo, sua irreverência, sua alegria contagiante, enfim... Perdemos o nosso rei da munganga!"

Maciel Melo, cantor e compositor.    Crédito: Reprodução/Instagram

Silvério Pessoa, cantor e compositor
"Genival fez parte de uma linhagem, de um clã que está em franca raridade. Poderia ser mais presunçoso e ousado e dizer que está em extinção, que é  o que chamado 'forró speed, ligeiro, quebrado, dividido, lúdico', uma categoria que pertecencia a Ari Lobo e ao Trio Nordestino, e principalmente ao Jacson do Pandeiro.  

O gênero forró perde um representante diferenciado, no estilo de cantar, na performance. Ele era também um personagem real e nesse contexto a cultura e a música popular do Nordeste e do Brasil, perde mais um desse clã. Estou muito triste. Era um querido, era da familia".
 

Silvério Pessoa, cantor e compositor.    Crédito: Reprodução/Instagram


Bráulio Tavares, poeta e compositor
"Genival era um grande intérprete nordestino. Ele partiu para a música de duplo sentido onde era um mestre, no início foi discriminado mas gravou samba, frevo, inclusive um de minha autoria e muito forró romântico. No final reconheceram o seu valor. No sincopado foi outro grande como Jackson".
 

Genival e Bráulio        Crédito: Divulgação

Cristina Amaral, cantora
"
Vai-se o homem e fica a história. Isso é o que fica. O 'Rei da Muganga' como ele era conhecido também, por esse jeito irreverente, alegre do nosso Genival. Ele foi um grande artista e não tinha quem não se alegrasse com ele cantando, com o jeito dele. Para mim ele foi ator, cantor, compositor maravilhoso e deixou uma história eterna e foi único.

É assim que temos que lembrar dele, com tudo isso. Eu tive a alegria de cantar junto com ele em meu DVD 'Minha Voz, Minha Vida' e foi um grande  sonho e me diverti muito no palco, foi o momento mais importante do trabalho para mim foi cantar com ele, realizar esse sonho. Que ele descanse em paz porque a história dele permanece para sempre. Genival é eterno".

 

Cristina Amaral e Genival Lacerda.       Crédito: Dani Neves

Nando Cordel, cantor e compositor
"
A gente sente muito a perda de Genival, que é um grande e maravilhoso artista de tirar o chapéu.Nossa aproximação sempre foi muito boa, legal. Desde o começo de minha carreira, quando fui para São Paulo, nós nos encontrávamos. Fiz músicas para ele. “Sonhos de um alazão”, foi uma delas. Nossa relação era bem estreita. Desejo muita luz pra ele".

Nando Cordel, cantor e compositor.       Crédito: Reprodução/Instagram


Elba Ramalho, cantora"

"Temos artistas grandiosos no Nordeste que são ícones e que, verdadeiramente, eu diria que são escolas. Genival Lacerda também. Ele tinha uma coisa genuína, ou melhor, ele tem, porque para mim o artista vai, mas a obra fica. Ela já está eternizada, nunca vai ser esquecida.

Genival tinha isso nele, além do canto, da musicalidade, da capacidade de improvisação quando cantava. Para cantar com ele você tinha que ser bamba e eu já cantei com ele várias vezes. Para você segurar era difícil, porque era tão intuitivo, tão perfeito essa coisa dele.

Fica o vazio pela ausência física, mas fica a obra, toda uma história longa, digna e de um valor cultural e artístico intenso para nós nordestino e para a grande nação brasileira".

 

Elba Ramalho, cantora.       Crédito: Divulgação


Marcleo D2, cantor e compositor

"Essa dança dele com a mão na barriga me faz lembrar a alegria do Brasil, me conecta muito com meus antepassados e me trás uma sensação boa de felicidade" (Twitter)
 



Daniela Mercury, cantora

"A música de Genival Lacerda era pura alegria. Queria agradecer por cada sorriso. Sinto muitíssimo que ele vá embora assim. Um abraço carinhoso para a família" (Twitter)

Daniel Mercury (Foto: Reprodução/Twitter)

Luan Estlizado, cantor

"Hoje a 'Severina Xique Xique' fechou as portas da boutique, mas nos deixou um legado. Obrigado eterno Genival Lacerda por contribuir com a nossa cultura, nossa música popular brasileira, você nos proporcionou grandes alegrias e sempre será referência pra nós" (Instagram)


Jorge de Altinho, cantor e compositor
"Tive uma relação de carinho com Genival Lacerda desde o início da carreira. Eu já o admirava por ser um grande representante do estilo que ele contribuiu para fortalecer, com músicas bem humoradas, jeito irreverente de se apresentar.

Ainda na década de 1980, compus para Genival duas músicas que foram bem executadas (Americanizado e Fio Dental). Nossos encontros sempre foram festivos, com trocas de 'causos' engraçados. Ele fará uma grande falta nesses próximos encontros, não serão tão alegres como antes "

Genival e Jorge de Altinho.             Crédito: Divulgação