Veja o que Bolsonaro já disse sobre urnas eletrônicas e fraude em eleição sem apresentar provas
Sem mostrar provas, presidente chegou a afirmar que eleições de 2018 foram fraudadas e ele deveria ter sido eleito no primeiro turno
O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar na quinta-feira (7) o voto eletrônico e insinuar que o uso do sistema na eleição presidencial de 2022 resultará em fraudes eleitorais.
A declaração foi dada um dia após a invasão do Congresso americano por apoiadores de Donald Trump, que contesta a eleição do democrata Joe Biden.
"Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos", disse Bolsonaro a apoiadores.
O voto pelos correios criticado por Bolsonaro não se repete no modelo brasileiro, que adota as urnas eletrônicas – elas foram utilizadas pela primeira vez em todo o país no ano 2000.
Em março de 2020, Bolsonaro chegou a prometer mostrar provas "brevemente" de fraude na eleição de 2018 – ele disse que deveria ter sido eleito no primeiro turno, e não no segundo.
"Eu acredito, pelas provas que eu tenho nas minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu fui eleito em primeiro turno", afirmou Bolsonaro na ocasião. "Nós temos não apenas uma palavra, nós temos comprovado. Nós temos de aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos", disse.
Quase um ano depois, porém, Bolsonaro nunca apresentou nenhuma evidência.
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta quinta-feira que as declarações de Bolsonaro de que houve fraude nas eleições de 2018 contribuem para a "ilegítima desestabilização das instituições".
Pesquisa Datafolha realizada de 8 a 10 de dezembro mostrou que 73% dos brasileiros defendem que o sistema de voto em urna eletrônica seja mantido. Já o voto em papel, abandonado nos anos 1990, tem sua volta pleiteada por 23% da população.
Do total de entrevistados, 69% disseram que confiam muito ou um pouco no sistema de urnas informatizadas, que passou a ser adotado gradualmente em 1996. Outros 29% responderam que não confiam.
Confira o que Bolsonaro já disse sobre fraude eleitoral.
'PERDER NA FRAUDE'
Em live, em setembro de 2018, quando se recuperava de facada
"A grande preocupação realmente não é perder no voto [a eleição presidencial], é perder na fraude. Então, essa possibilidade de fraude no segundo turno, talvez até no primeiro, é concreta."
'NÃO POR VOTO'
Em live, em outubro de 2018, antes do segundo turno das eleições
"Isso só pode acontecer por fraude, não por voto, estou convencido."
'VOTO IMPRESSO É SINAL DE CLAREZA'
Em novembro de 2019, após Evo Morales renunciar à Presidência da Bolívia
"Denúncias de fraudes nas eleições culminaram na renúncia do Presidente Evo Morales. A lição que fica para nós é a necessidade, em nome da democracia e transparência, da contagem de votos que possam ser auditados. O VOTO IMPRESSO é sinal de clareza para o Brasil!", escreveu nas redes sociais.
'A DIFERENÇA FOI MUITO MAIOR'
Em live, em novembro de 2019, comentando a renúncia de Morales
"Todo mundo dizia que eu tinha tudo para ganhar as eleições na reta final. Eu tinha certeza disso e teve no final 55% para mim e 45% para o outro candidato. Muita gente achou que a diferença foi muito maior. Como um lado ganhou, e nas ruas todo mundo tinha essa convicção de que eu ia ganhar, não houve problema. Mas imagina se o outro lado ganha as eleições, como é que a gente ia auditar esses votos? Não tinha como auditar."
SUPOSTAS PROVAS
Durante evento em Miami, em março de 2020
"Pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente [até hoje o presidente não apresentou o material], eu fui eleito no primeiro turno, mas, no meu entender, teve fraude. E nós temos não apenas palavra, temos comprovado, brevemente quero mostrar, porque precisamos aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos. Caso contrário, passível de manipulação e de fraudes (...)."
'VÃO QUERER QUE EU PROVE'
Em novembro de 2020, após votar no pleito municipal
"A minha eleição em 2018 só entendo que fui eleito porque tive muito, mas muito voto. Tinha reclamações que o cara queria votar no 17 e não conseguia. Vão querer que eu prove. É sempre assim. O cara botava um pingo de cola na tecla 7, um tipo de adulteração."
'TEVE MUITA FRAUDE LÁ'
Em novembro de 2020, comenta as eleições americanas após votar no pleito municipal
"Tenho minhas fontes [que dizem] que realmente teve muita fraude lá. Isso ninguém discute. Se foi suficiente para definir um ou outro, eu não sei."
'É NO PAPELZINHO'
Em conversa com apoiadores, em dezembro de 2020, dá informação falsa sobre as eleições para Presidência da Câmara dos Deputados, que adota sistema eletrônico desde 2007
"O que é comum na Câmara, não sei como está agora. As eleições na Mesa [Diretora], para presidente, é no papelzinho. Não sei como vai ser esta agora."
PIOR QUE OS EUA
Nesta quinta (7), ao comentar invasão do Congresso americano
"Se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar o voto, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos."
"Lá [EUA], o pessoal votou e potencializaram o voto pelos correios por causa da tal da pandemia e houve gente lá que votou três, quatro vezes, mortos que votaram. Foi uma festa lá. Ninguém pode negar isso daí."