Imprensa dos EUA

Maior parte da mídia americana caracteriza invasão ao Congresso como rebelião e violência

Maior parte da mídia adotou termos como "multidão", "rebelados", "baderneiros" e "arruaceiros"

Invasão ao capitólio por manifestantes pró-Trump, nos Estados Unidos - Samuel Corum / Getty Images North America via

Termos como "rebelião", "manifestantes", "violência" e "invasão" ocupam manchetes e reportagens dos principais veículos norte-americanos desde a tarde desta quarta-feira (6).
 
Em meio ao consenso de que a invasão do Congresso por apoiadores de Donald Trump não tem comparação equivalente, ao menos na história recente da democracia no país, jornais e emissoras de televisão dividem-se entre os que nomeiam o vandalismo no Capitólio como um ato de manifestantes e aqueles que o caracterizam como motim, arruaça.
 
Enquanto alguns poucos veículos referem-se aos apoiadores do republicano como "manifestantes" ("protesters"), a maioria adota "multidão" ou termos mais próximos de "rebelados", "baderneiros" e "arruaceiros" ("rioters").
 
É o caso do New York Times, que tem se referido a uma "multidão de apoiadores de Trump que invadiram o Capitólio". O jornal diz que os "insurgentes agindo em nome do presidente vandalizaram" o local.
 
Em linha semelhante, o Washington Post tem priorizado "rioters". "Milhares de baderneiros invadiram o Capitólio estadunidense", diz o diário.
 
O Wall Street Journal segue o mesmo tom, destacando que a multidão pró-Trump ameaçou os parlamentares.
 
Entre as maiores emissoras de TV, CNN e CBS também destacam a multidão como violenta. Em reportagem, a CNN ainda esmiúça que o contingente de invasores tinha grande participação de grupos de conspiração e facções de extrema direita.
 
Já a Fox News, emissora ex-aliada de Donald Trump, tem adotado "manifestantes pró-Trump" para se referir ao grupo. A escolha se estende para o New York Post, que pertence ao mesmo dono da Fox, Rupert Murdoch, e que declarou apoio ao republicano no pleito de 2020.


O jornal tem adotado também "uma furiosa multidão pró-Trump", como se o episódio fosse uma explosão espontânea, e não algo propositadamente incitado. Em editorial, criticam o ocorrido, argumentando que "o que começou como um protesto pacífico evoluiu quando uma facção invadiu o prédio". No mesmo texto, porém, o New York Post equipara o que foi feito no Capitólio com o tom de protestos antirracistas em memória de George Floyd.
 
O Washington Times, que declarou apoio a Trump nas eleições, segue a linha do "milhares de apoiadores de Trump furiosos". Em editorial, diz que o presidente errou ao insuflar o grupo, o que teria aberto a porta para uma "torrente de emoção não-americana".