Pandemia

OMS diz que não haverá imunidade coletiva para a Covid-19 em 2021

Doença provocada pelo coronavírus já infectou mais de 90 milhões de pessoas no mundo

Cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Soumya Swaminathan - Facebook

Apesar de muitos países já estarem com vacinação contra a Covid-19 em curso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, nesta segunda-feira (11), que a desejada imunidade coletiva não será alcançada este ano. 

"Não vamos atingir nenhum nível de imunidade populacional ou imunidade coletiva em 2021", disse Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, em entrevista coletiva, insistindo na necessidade de manter as medidas de higiene e de distanciamento e o uso de máscara para conter a epidemia de coronavírus. A Covid-19 já infectou mais de 90 milhões de pessoas em todo o mundo, com quase dois milhões de vítimas fatais. 

A China conseguiu controlar em grande medida o vírus, mas enfrenta uma série de infecções locais. Mais de meio milhão de pessoas foram colocadas em confinamento em Pequim, nesta segunda-feira.

As infecções se espalham por toda a Europa. A Rússia confirmou ontem o primeiro caso da nova cepa da Covid-19, que pode ser mais contagiosa, segundo cientistas.

O vírus também explodiu nos Estados Unidos, país mais afetado, onde o presidente eleito, Joe Biden, recebeu em público a segunda dose da vacina.

'Piores semanas' estão por vir
A empresa alemã BioNTech anunciou que poderá produzir milhões de doses de sua vacina, mais do que esperava inicialmente este ano, aumentando a previsão de produção de 1,3 bilhão para 2 bilhões.

O anúncio da BioNTech foi um estímulo para os países que lutam para conseguir doses. Mas a empresa advertiu que a Covid-19 "provavelmente se tornará uma doença endêmica" e declarou que as vacinas terão que lutar contra o surgimento de novas variantes virais e "uma resposta imunológica natural minguante".

Com os hospitais à beira da saturação, devido ao surgimento de uma nova cepa e quando o país está em total confinamento, o governo britânico abriu sete grandes centros de vacinação contra o coronavírus.

"As próximas semanas serão as piores desta pandemia", advertiu o principal conselheiro médico do governo, Chris Whitty, à rede BBC, nesta segunda-feira. As autoridades britânicas pretendem imunizar 15 milhões de pessoas até meados de fevereiro.

A Índia, segundo país mais populoso do mundo, pretende lançar no próximo sábado (16) sua colossal e complexa campanha de vacinação, que busca imunizar 300 milhões de seu 1,3 bilhão de habitantes. 

Já a Rússia anunciou que 1,5 milhão de pessoas no mundo receberam a sua vacina, Sputnik V, e que contempla, agora, desenvolver uma versão "light", que iria requerer apenas uma dose, embora com eficácia mais reduzida, para levar uma solução temporária a alguns países.

A África do Sul fechou as fronteiras terrestres por um mês para combater um ressurgimento sem precedentes de casos, alimentados por uma nova cepa do vírus. Já o premier de Portugal, Antonio Costa, disse que um novo confinamento é inevitável, uma vez que o país registra um número recorde de mortos e infectados pelo vírus.

O Líbano decidiu impor um toque de recolher total durante 11 dias a partir da próxima quinta-feira (14) e limitar os voos procedentes de países de alto risco.

Pesquisa
Uma equipe de especialistas da OMS chegará esta semana à China para iniciar a investigação sobre a origem do coronavírus, mais de um ano após seu surgimento e em um contexto de aumento de casos na Europa e na América do Norte.

Acusado de tentar bloquear a investigação, o governo chinês confirmou, nesta segunda-feira, que os dez especialistas da OMS finalmente chegarão para realizar "investigações conjuntas com cientistas chineses", segundo um comunicado do Ministério da Saúde.

A missão de investigação na China é altamente esperada no nível político, especialmente quando o custo humano e econômico da pandemia gerou raiva e frustração em todo mundo, onde quase dois milhões de mortes foram registradas em mais de 90 milhões de casos confirmados.

Pequim enfrenta críticas internacionais por sua falta de transparência durante os primeiros dias da pandemia. Estados Unidos e Austrália lideraram os pedidos internacionais, exigindo uma investigação independente, o que irritou a China. 

O anúncio da chegada da equipe da OMS coincide com o aniversário da primeira morte confirmada na China, na cidade de Wuhan (centro). Um mercado nesta metrópole de 11 milhões de habitantes é visto como o primeiro grande foco da pandemia.

"Wuhan é a cidade mais segura da China e até mesmo do mundo agora", disse à AFP Xiong Liansheng, de 60 anos, em um parque movimentado às margens do rio Yangtze, onde aposentados praticam exercícios físicos.

Do outro lado do Atlântico, no México, que ocupa o quarto lugar entre os países com maior número de mortes e o segundo da América Latina, a pandemia deixou os hospitais em estado "crítico", com paramédicos lutando para encontrar leitos vagos para os pacientes.

"Para haver capacidade de resposta [nos hospitais] é preciso ter altas, ou mortes. É difícil, mas é a verdade", disse à AFP Ángel Zúñiga, coordenador de emergências da Cruz Vermelha de Toluca, a 40 quilômetros da capital.