Música

Davi Moraes exala sentimentos em “Todos Nós", EP que celebra Moraes Moreira

Trabalho, lançado recentemente e produzido em parcerias com nomes da MPB, está disponível nas plataformas digitais

Capa de “Todos Nós - Foto: Divulgação

Quando não estava no Maracanã com o pai para assistir às partidas do Flamengo, Davi Moraes, 47, estava imerso no universo artístico de Moraes Moreira (1947-2020). Ora em estúdios, ora nos shows ou em rodas de instrumentistas e compositores, “Era isso que eu mais gostava de fazer na vida”, reforça o músico que escolheu em um acervo de 1980 uma imagem ao lado de quem ele chama de “mestre”, extraída de um show do disco “Coisa Acessa” (1982) para a capa do EP “Todos Nós”, recém-lançado pela Biscoito Fino e disponível nas plataformas digitais.

O trabalho, composto por quatro músicas, sendo três inéditas, homenageia  Moraes e expõe “uma explosão de gratidão”, como definiu Davi Moraes. “Quero ainda fazer muita coisa com a obra dele, tem muita coisa bonita que vem pela frente, e começamos com o EP que traz na capa uma foto que traduzia o que era nossa relação. Aquele cumprimento foi no final do show e concebe toda a emoção, amor e prazer de tocar junto, numa coisa só. Meu pai era meu mestre, aquele mestre que deixava que as coisas acontecessem naturalmente” explica, em conversa com a Folha de Pernambuco.

Davi, que aos nove anos participou daquele show na década de 1980 e aos onze foi levado por Moraes a tocar no Rock In Rio, esboça em “Todos Nós” a inspiração apreendida no decorrer de uma trajetória musical construída nos palcos desde sempre. A celebração, coletiva, trouxe parcerias com Carlinhos Brown (Aos Santos), Joyce Moreno (Aquele Abraço do Gil), Marina Lima (Davilicença) e  Mu Carvalho e Tuca Oliveira (O Cantor das Multidões). “A gente caprichou nas gravações, na sobriedade, eu cantei com emoção diferente. O EP começou com esse encontro do meu pai com a Joyce, de quem ele era muito fã e eu também peguei isso dele. Foi um sonho ligar para ela e chamá-la para gravar comigo o samba feito entre ela e meu pai, enviado em um papel de padaria para letra que ela devolveu em dois dias”, conta sobre a faixa com a sambista carioca, (re)inventada também pela bateria de Paulo Braga e o baixo de Alberto Continentino.

Produzido em parceria com Kassin – com quem também está em vias de lançar o sétimo disco de carreira – o EP é explorado por Davi na faixa de abertura “Aos Santos” que mescla o suave e intenso de letra e voz ao lado de Brown. Entre outras passagens, o sentimento pela partida de Moraes Moreira se evidencia em trechos como “Você foi embora, me deixou aos prantos”.  “A gente se emocionou muito, falando dos feitos gigantescos dele, como artista, o tanto de revolução que ele fez com ‘Os Novos Baianos’, com o trio do Dodô e Osmar e com a carreira solo linda pelo Brasil”, destaca.

Em “Davilicença”, exceção ao ineditismos das demais, Davi resgata ao lado de Marina Lima canção de Moraes do álbum de 1977 “Cara e Coração”. É a faixa, aliás, que ganhou videoclipe na última sexta-feira (8). Já em “O Cantor das Multidões”, o EP é finalizado com Davi descrevendo o que foi Moraes Moreira em letra que decerto se faz uníssona sobre o gigante alquimista da Música Popular Brasileira:

“Moraes Moreira o cantor das multidões

Que alegrou os corações de tanta gente

“Nosso povo tão sofrido, que se encanta no frescor dos carnavais

Moraes Moreira um artista brasileiro

Compositor de tantos sonhos, tanto sol

Que deu luz e cor aos sons

(...)

Um grande mestre de Ituaçu, Bahia

Que encontrou a companhia de baianos talentosos

E formou aquela turma que a gente ama tanto

E cantou coisas lindas do Brasil”