Banco do Brasil

Aliados de Bolsonaro querem adiamento de cortes no BB em troca da manutenção de Brandão

O ministro Paulo Guedes e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, atuam desde quarta (13) para convencer Bolsonaro a não demitir o executivo

Agência do Banco do Brasil - Agência Brasil

Após apelos da equipe econômica, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sinalizou a aliados que aceita manter André Brandão na presidência do Banco do Brasil, mesmo após ter se irritado com o plano de enxugamento anunciado pela instituição.

O ministro Paulo Guedes (Economia) e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, atuam desde quarta-feira (13) para convencer Bolsonaro a não demitir o executivo. Segundo auxiliares, a pressão tem surtido resultado, mas interlocutores no Palácio do Planalto querem que o banco adie ao menos parte do plano de reestruturação.

No Planalto, aliados afirmam que havia uma forte determinação de Bolsonaro pela demissão, pois o presidente está preocupado com as repercussões negativas sobre o desemprego. Membros do governo dizem que houve mal-estar com a divulgação de um programa de corte de funcionários em um momento em que o país ainda tem dúvidas sobre o desempenho da economia em 2021.
 

Nas negociações pela manutenção de Brandão, interlocutores de Bolsonaro têm cobrado de Guedes que ao menos parte do plano seja postergado para depois das eleições para o comando da Câmara e do Senado (em fevereiro).
O objetivo também é atender à insatisfação de parlamentares e prefeitos preocupados com o fechamento das agências em cidades do interior do país.

Sob condição de anonimato, um deputado da base governista relatou à reportagem ter recebido reclamações de prefeitos contra o encerramento de atividades de agências do BB em suas cidades. Esse tipo de queixa, relata, foi determinante para que o Planalto considerasse o anúncio do plano um erro.

A equipe econômica também vem sendo alvo de cobranças do tipo. A ala política do governo, bem como aliados no Congresso, temem que o plano de enxugamento seja usado como argumento nas eleições para o comando do Legislativo.
Até o momento, não há mudança oficial no plano apresentado pelo BB. O site interno do programa de demissão de funcionários continua disponível nos sistemas do banco.

O plano é defendido fora do Planalto sob o argumento que se trata de um ato voluntário, para quem quiser sair. Além disso, são oferecidos benefícios ao funcionário –como uma verba rescisória e as multas trabalhistas. A maioria dos empregados que podem aderir já são aposentáveis e, portanto, contam com os recursos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e recursos da Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB).

O funcionário tem acesso a todo o regulamento do programa para decidir sobre sua eventual adesão, bem como a um simulador sobre quanto receberia no processo. É comentado fora do Planalto que uma reação mais extrema ao plano apresentado pelo BB, defendido como um ato para se modernizar a empresa e enfrentar a concorrência, poderia gerar acusação de abuso de poder de controle. O banco é controlado pela União, mas 49,6% das ações estão na mão de investidores minoritários.

Nesta quinta-feira (14), o BB afirmou em comunicado que "não recebeu no âmbito de seus órgãos de governança nenhuma comunicação formal por parte do acionista controlador sobre qualquer decisão a respeito" da eventual saída de Brandão.