'Tudo pode acontecer' nas Olimpíadas de Tóquio, admite ministro
Ainda sem programa de vacinação, Japão vive incerteza com as Olimpíadas
"Tudo pode acontecer", reconheceu nesta sexta-feira (15) o ministro japonês Taro Kono sobre as Olimpíadas de Tóquio, adiadas de 2020 para este ano, no momento em que o Japão experimenta uma nova onda de coronavírus, seis meses antes da cerimônia de abertura.
Ministro da Reforma Administrativa e pessoa-chave no governo, Kono não exclui a eventualidade de os Jogos serem cancelados, já que Tóquio e dez outros departamentos japoneses decretaram estado de emergência até 7 de fevereiro para interromper a propagação do coronavírus.
"Dada a situação do coronavírus, tudo pode acontecer", disse Kono a repórteres.
"O comitê organizador e o COI (Comitê Olímpico Internacional) devem refletir claramente sobre os planos emergenciais", afirmou, embora tenha insistido em que o governo japonês está-se preparando "firmemente" para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.
Kono é a primeira autoridade política de alto escalão a se distanciar publicamente do primeiro-ministro Yoshihide Suga, que reitera que o Japão poderá sediar Jogos "seguros", conforme planejado.
Apesar da chegada das vacinas ao Japão nos próximos meses, o apoio da população japonesa aos Jogos Olímpicos diminuiu. Uma pesquisa recente no arquipélago mostrou que 80% dos entrevistados acham que os Jogos devem ser adiados novamente, ou simplesmente cancelados.
O primeiro-ministro está convencido de que a opinião pública mudará quando o Japão iniciar seu programa de vacinação no final de fevereiro.
O presidente do comitê organizador dos Jogos, Yoshiro Mori, citado na terça-feira pela agência Kyodo, estimou que era "absolutamente impossível" adiar os Jogos após os grandes investimentos econômicos e humanos feitos. Ele disse ainda que o Japão terá de determinar, a depender da evolução da pandemia, se os espectadores estrangeiros serão aceitos.
"Devemos tomar uma decisão muito difícil entre fevereiro e março", afirmou ele.
Nesta sexta, a mídia local citou o ministro responsável pelos Jogos, Seiko Hashimoto, anunciando que o Japão decidiu suspender uma isenção que permite que atletas estrangeiros entrem no país para treinar, mesmo em estado de emergência.
Os atletas japoneses terão permissão para retornar ao país, mas terão de passar por uma quarentena de 14 dias no retorno.
"Queremos que a prioridade seja salvar vidas. Por isso, como medida preventiva para eliminar os riscos, vamos reforçar nossa primeira linha de defesa", explicou Hashimoto.
"Levamos em consideração a situação infecciosa em nosso país e no exterior para reagir adequadamente", acrescentou.
A proibição de acesso de atletas estrangeiros que não residam no Japão afetará os times profissionais de beisebol e futebol, que se preparam para o início da temporada.
O início da temporada do campeonato de rúgbi da Top League japonesa foi adiado esta semana, pois vários jogadores de várias equipes testaram positivo para o coronavírus.
O comitê organizador dos Jogos acredita que as medidas tomadas pelas autoridades "contribuirão para melhorar a situação", afirmou em nota.
"Esperamos que o dia a dia volte ao normal o mais rápido possível. Continuaremos trabalhando em estreita colaboração com todas as partes envolvidas para que os Jogos ocorram com total segurança", insistiu.