Marília Parente lança primeira canção-reportagem
A cantora e compositora pernambucana conta a história dos camponeses jurados de morte no Engenho Fervedouro,na Mata Sul do estado
Jornalista premiada, a cantora e compositora pernambucana Marília Parente une os dois mundos pelo qual tão bem transita e se prepara para lançar sua primeira “canção-reportagem”. O single “Para la Tierra Volver” conta a história dos camponeses jurados de morte e em situação de conflito fundiário no Engenho Fervedouro, em Jaqueira, na Zona da Mata do Estado. A canção estará disponível em todas as plataformas digitais na próxima quarta (20).
De acordo com a cantora, o single nasce com uma proposta diferente e chama a atenção para uma história real. “Fiquei chocada ao tomar conhecimento de que havia uma lista de dez camponeses jurados de morte em Jaqueira. Um deles tomou sete tiros em uma emboscada, quando voltava para o Engenho em sua moto, e sobreviveu. Ao perceber que a história vinha sendo pouco divulgada, senti uma nova necessidade: a de ser uma compositora menos existencial e mais aqui e agora. As pessoas estão fartas de histórias tristes, mas elas precisam saber do que acontece debaixo de seus narizes. A música torna tudo mais palatável”, disse.
Após o primeiro disco “Meu Céu, Meu Ar, Meu Chão e seus Cacos de Vidro” (2019) onde conectou a música nordestina com as culturas pop e oriental e o rock, em"Para la Tierra Volver" Marília revela uma faceta mais folk com forte influência da Nueva Canción. “Além da história contada em versos, uma forte característica de Bob Dylan, outra novidade é que me arrisco por outro registro vocal, mais médio e grave, quase oposto ao que utilizei até aqui. Consequência da influência de cantoras como Joan Baez, Mercedes Sosa e até Sandy Denny, do Fairport Convention. Talvez eu nunca mais volte a cantar assim ou repita depois, é tudo parte de uma linda aventura”, completa.
A ficha técnica tem violão de aço principal da própria Marília, gaitas de Rodrigo Cm, guitarras e baixo de Rodrigo Padrão e bateria de Caio Wallerstein. A música foi masterizada e mixada por Tonho Nolasco, que também gravou o segundo violão e o mellotron. A capa do single faz referência ao projeto gráfico do disco “Bryter Layter”, de Nick Drake, e conta com foto de Cláudia Parente, mãe de artista, e arte assinada por Juvenil Silva.