Senado

Aliados de Tebet põem sua força em dúvida e dão prazo para nome decolar

A senadora Simone Tebet irá concorrer à presidência do Senado - Roque de Sá/Agência Senado

Após uma primeira semana de campanha com alguns reveses, cresceram os questionamentos dentro da bancada do MDB no Senado sobre a força da candidatura de Simone Tebet (MS), inclusive com um início de pressão para a sua desistência.

Parlamentares do partido já trabalham com prazo até terça-feira ou quarta-feira a próxima semana para analisar se a candidatura decolou.

Um importante senador do MDB evitou usar a palavra pressão, mas afirmou que seria legítimo fazer essas avaliações para verificar o aumento das adesões a Tebet.

Um dos argumentos é que levar adiante uma candidatura com poucas chances de vitória pode resultar em um acirramento desnecessário de tensão com as outras bancadas e também com o Planalto –que já manifestou "simpatia" pelo rival, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), também apoiado pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

"Eu ouvi esses rumores [sobre pressão para desistência da candidatura], mas são conversas que uma eleição provoca, tanto de um lado como do outro", afirmou o senador Dário Berger (MDB-SC), que é próximo de Tebet.

"A impressão que eu tenho é que nossa bancada está unida e que essas histórias são utilizadas pelo outro lado da disputa para fragilizar a Simone", completa.

Tebet foi anunciada como candidata da bancada da sigla na terça-feira (12), no momento em que seu rival já contava com o apoio de cinco bancadas que reúnem 28 senadores. Na quinta (14), o PDT anunciou seu apoio a Pacheco, que chegou à maioria teórica de 41 votos necessários para vencer a disputa.
A candidatura Tebet vem enfrentando a indiferença de senadores influentes do partido. Um aliado da senadora relata que muitos ligam para ela para manifestar apoio, mas há pouca articulação com outros senadores e bancadas.

Há também comentários sobre dissidências internas. Um caso citado é o do senador Luiz Carlos do Carmo (MDB-AP), que teria recebido pedido do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), para votar em Pacheco.

Luiz do Carmo é suplente de Caiado no Senado. Procurado, mas não se pronunciou. O núcleo no entorno de Pacheco afirma que podem ser quatro os votos de traição dentro do MDB.

O líder da bancada, Eduardo Braga (MDB-AM), rebate a tese de racha no partido. "MDB, em peso, unido em torno da candidatura de Simone Tebet à presidência do Senado. O Brasil precisa de uma liderança independente, firme e equilibrada no comando do Legislativo", escreveu nas suas redes sociais, nesta sexta (15).

Braga foi um dos poucos senadores influentes do partido a manifestar seu apoio. Outros caciques, como Renan Calheiros (MDB-AL) e Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), não foram tão explícitos.

Bezerra chegou a publicar na terça uma postagem sobre a filiação dos senadores Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e Rose de Freitas (MDB-ES), mas nada escreveu sobre o lançamento da candidatura de Tebet, que aconteceu no mesmo evento.

O resultado é que a primeira semana de campanha foi marcada por alguns apoios importantes, mas ainda considerados abaixo do que era esperado para a largada.

Muitos aliados esperavam que a senadora conquistasse entre 18 e 21 votos de um bloco informal que reúne Podemos (9 senadores), PSDB (7), Cidadania (3) e PSL (2).

Esses partidos são a base do movimento suprapartidário Muda Senado, do qual Tebet é próxima.

Somados aos 15 votos da bancada do MDB, a maior do Senado, esperava-se que esse período terminasse com, no mínimo, 33 votos. Começaria então a fase de articulações em busca de traições no bloco que já anunciou apoio a Pacheco.

No dia seguinte à oficialização da candidatura, o Podemos divulgou nota em apoio à senadora, mas a questão não foi decidida por unanimidade. O próprio comunicado do partido informou que seriam respeitadas as dissidências.

Os senadores Romário (Podemos-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES) deixaram claro na reunião da bancada que poderiam votar em Pacheco.

O golpe maior, no entanto, aconteceu com o racha da bancada do PSDB, que era considerado apoio certo pelos aliados. O líder interino Izalci Lucas (PSDB-DF) decidiu liberar a bancada, sendo que apenas 3 dos 7 tucanos anunciaram que vão ficar com a emedebista –José Serra (PSDB-SP), Mara Gabrilli (PSDB-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

À reportagem, Izalci havia afirmado que não poderia colocar em risco interesses regionais dos senadores por uma candidatura que não tinha unanimidade no próprio MDB.

"Não podemos sacrificar os interesses regionais dos nossos colegas por uma candidatura que ainda está incerta, que não há garantia que vai ter o apoio prometido (...) Então não tinha como não liberar."

Desconsiderando possíveis traições, uma vez que o voto é secreto, Tebet teria apoio confirmado de 28 parlamentares –14 do MDB, 7 do Podemos, 3 do PSDB, 3 do Cidadania e 1 dissidente do PP, o senador Esperidião Amin (PP-SC). Ele justifica a escolha por rejeição ao legado de Alcolumbre.

Para tentar reverter a situação, foi constituído nesta sexta-feira um grupo de trabalho para tentar impulsionar a candidatura da senadora. O grupo é composto por comunicadores e lideranças nacionais do MDB para "dar visibilidade ao trabalho da senadora, a primeira mulher da história do Brasil a concorrer a chefia do Poder Legislativo", informa nota da equipe.