Após silêncio sobre aprovação da Coronavac, Bolsonaro alfineta Doria e diz que vacina é do Brasil
Bolsonaro falou sobre o assunto em conversa com apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada nesta segunda (18)
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rompeu o silêncio sobre a aprovação das vacinas contra a Covid-19 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e disse nesta segunda-feira (18) que a Coronavac, imunizante que já criticou diversas vezes, é "vacina do Brasil" e não de "nenhum governador", numa crítica a João Doria (PSDB-SP).
Bolsonaro falou sobre o assunto em conversa com apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada nesta segunda (18).
"Pessoal, uma notícia. Apesar da vacina... Apesar não, né? A Anvisa aprovou, não tem o que discutir mais. Agora, havendo disponibilidade no mercado, a gente vai comprar e vai atrás de contratos que fizemos também, que era para ter chegado a vacina aqui", disse Bolsonaro em uma transmissão com cortes publicada por um canal bolsonarista na internet.
"Então está liberada a aplicação no Brasil. E a vacina é do Brasil, não é de nenhum governador não, é do Brasil", afirmou.
Esta foi a primeira manifestação pública de Bolsonaro desde que, no domingo, a Anvisa aprovou, por unanimidade, a autorização para o uso emergencial das vacinas Coronavac e Oxford/AstraZeneca. Minutos depois a Coronavac começou a ser aplicada em São Paulo em evento capitaneado por Doria, impondo uma derrota ao governo federal na queda de braço pelo início da imunização.
A Coronavac começou a ser distribuída aos estados nesta segunda-feira. Foco de disputa entre Bolsonaro e Doria, o imunizante foi alvo de uma série de críticas desde que o governador de São Paulo começou as negociações com a China para trazer o imunizante ao Brasil.
Bolsonaro chegou a desautorizar o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que havia anunciado acordo para compra de 46 milhões de doses da Coronavac. O presidente disse que havia mandado cancelar o entendimento para a compra da "vacina chinesa de João Doria", como se referiu em publicação em rede social em outubro de 2020.
Na conversa com apoiadores nesta segunda-feira, Bolsonaro também procurou se esquivar da responsabilidade pela falta de oxigênio em hospitais em Manaus e atribuiu as críticas que vem recebendo à "luta pelo poder".
"Você vê, tem um problema em Manaus, a gente lamenta as mortes por asfixia, por falta de oxigênio, culpam o governo. Nós destinamos bilhões para os estados, agora quem detecta a falta de medicamento, a ausência é o respectivo secretário de Saúde estadual e municipal. Daqui a pouco vai faltar Band-Aid no Rio de Janeiro e vão querer me culpar", disse Bolsonaro.
Como a Folha de S.Paulo mostrou no sábado (16), Pazuello foi avisado sobre a escassez crítica de oxigênio em Manaus por integrantes do governo do Amazonas, pela empresa que fornece o produto e até mesmo por uma cunhada sua que tinha um familiar "sem oxigênio para passar o dia", mas ignorou os alertas. O general da ativa também foi informado sobre problemas logísticos nas remessas.
No domingo, a PGR (Procuradoria-Geral da República) deu 15 dias para o ministro explicar por que não agiu para garantir o fornecimento de oxigênio aos hospitais de Manaus.