EUA

Veja como será a cerimônia de posse de Joe Biden e Kamala Harris nos EUA

A cerimônia, tradicionalmente marcada pelo simbolismo da transição de poder para os novos líderes da nação, terá, neste ano, algumas mudanças de protocolo

O pintor Jagjot Singh Rubal dá os toques finais a uma pintura que retrata o presidente eleito dos EUA Joe Biden e a vice-presidente eleita Kamala Harris - Narinder Nanu/AFP

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, e a vice-presidente eleita, Kamala Harris, tomam posse de seus cargos na Casa Branca nesta quarta-feira (20). A cerimônia, tradicionalmente marcada pelo simbolismo da transição de poder para os novos líderes da nação, terá, neste ano, algumas mudanças de protocolo.

Primeiro porque ocorre em meio à pandemia de coronavírus que, só nos EUA, infectou mais de 24 milhões de pessoas e causou quase 400 mil mortes. Segundo porque acontece exatas duas semanas depois dos atos de insurreição contra o Congresso americano durante a sessão de certificação da vitória de Biden.

Cada um à sua maneira, estes dois aspectos levantaram novas demandas de segurança para o dia da inauguração. A capital americana Washington, está sob estado de emergência para controle do avanço dos casos de Covid-19. Além disso, todas as etapas do evento desta quarta contarão com um rígido esquema de segurança capitaneado pelo Serviço Secreto.


Em decorrência dos ataques ao Capitólio, mais de 15 mil homens da Guarda Nacional se juntarão a outros milhares de policiais e agentes responsáveis por manter a comitiva do presidente eleito e o reduzido público presente em segurança.

Juramento e cerimônia de posse De acordo com a agenda oficial divulgada pela Comissão de Inauguração Presidencial, o mais importante evento desta quarta, o juramento feito por Biden e Kamala em frente à fachada oeste do Capitólio, ocorrerá com público limitado devido aos protocolos de saúde e segurança pública. Serão apenas 1.000 convidados, em contraste com as cerca de 200 mil pessoas que compareceram a posses anteriores.

O juramento em si deve começar pouco antes das 12h no horário local (14h Brasília). Kamala, a primeira mulher negra a assumir a Vice-Presidência dos EUA, anunciou que usará duas bíblias diferentes em seu juramento. A primeira é a mesma que Kamala usou quando assumiu o cargo de procuradora-geral pelo estado da Califórnia e pertenceu a Regina Shelton, a quem a vice-presidente eleita considera uma segunda mãe.

A segunda bíblia pertenceu ao ícone do movimento de defesa dos direitos civis Thurgood Marshall, o primeiro juiz negro a servir na Suprema Corte dos EUA. A responsável por empossar oficialmente a vice-presidente eleita será a juíza Sonia Sotomayor, também pioneira ao ser a primeira magistrada de ascendência hispânica a ocupar um cargo na mais alta instância da Justiça americana.

O mandato de Trump se encerra oficialmente às 12h, e então, o democrata que o derrotou nas urnas assumirá a missão de conduzir os EUA em meio às crises que vão além das causadas pelo coronavírus. O programa oficial de Biden indica que o presidente eleito fará um discurso inaugural expondo sua visão para "derrotar a pandemia, reconstruir melhor e unificar e curar a nação", depois de ser empossado pelo chefe da Suprema Corte, John Roberts. O juiz também oficializou os dois mandatos de Obama e o único de Trump.

Hino nacional dos EUA e apresentações musicais Depois de declarar apoio à campanha democrata antes e depois das eleições de 3 de novembro, Lady Gaga foi a escolhida para cantar o hino nacional na cerimônia, retomando uma tradição interrompida na posse de Donald Trump.

Na posse do republicano, quem cantou o hino foi a ex-participante do reality show "America's Got Talent, Jackie Evancho. Seu antecessor, Barack Obama, convidou Aretha Franklin para a cerimônia em 2009, e Beyoncé em 2013. A cantora Jennifer Lopez também deve se apresentar nesta quarta.

A próxima primeira-dama, Jill Biden, e o segundo-cavalheiro, marido de Kamala, Doug Emhoff, também participarão de uma transmissão virtual a partir das 10h (12h, em Brasília) voltado ao público infantil e adolescente, que inclui uma apresentação dos animais de estimação presidenciais.

Desfile militar e visita ao cemitério de Arlington Em seguida, Biden, Jill, Kamala e Emhoff passarão as tropas em revista. Trata-se de uma tradição militar de longa data em que membros das Forças Armadas desfilam diante do novo presidente simbolizando uma transferência pacífica de poder.
Na sequência, o grupo visita o Cemitério Nacional de Arlington, o mais tradicional cemitério militar americano, para depositar flores na Tumba do Soldado Desconhecido, um monumento que homenageia militares enterrados sem identificação.
Neste ponto, juntam-se à comitiva três dos ex-ocupantes da Casa Branca ainda vivos, acompanhados de suas respectivas esposas: Barack e Michelle Obama, George W. e Laura Bush, e Bill e Hillary Clinton. Aos 96 anos, o ex-presidente Jimmy Carter anunciou que não viajaria a Washington devido à idade avançada, mas desejou sucesso ao governo Biden.

A notável exceção, que representa uma quebra histórica das tradições democráticas americanas, é o republicano Donald Trump, que anunciou com antecedência que não compareceria à cerimônia de posse de seu adversário democrata depois de meses alegando, sem base em evidências concretas, que as eleições foram fraudadas.

Escolta militar e 'Parada pela América' A tradição em que o novo presidente desfila pela Avenida Pensilvânia –uma das principais vias públicas da capital americana, que liga o Capitólio à Casa Branca– foi substituída por uma mais modesta escolta militar que guiará Biden até a sede oficial da Presidência dos EUA.

Em seguida, com início previsto para 15h15 (17h15, em Brasília), deve começar a "Parada pela América", um desfile virtual com apresentações de representantes dos 50 estados, como a de um coral formado integralmente por pessoas transgênero, além de atletas olímpicos e artistas como a cantora Andra Day e a banda Earth, Wind & Fire.

Como nem só de formalidades vive a posse de um presidente americano, a partir das 20h30 (22h30, em Brasília), um especial intitulado "Celebrando a América". Apresentado pelo ator Tom Hanks, o programa foi a forma escolhida para substituir o tradicional e luxuoso baile de inauguração.

O especial, em que Biden e Kamala devem discursar novamente, será transmitido ao vivo pelas principais emissoras da TV americana e incluirá apresentações de artistas como Jon Bon Jovi, Demi Lovato, Justin Timberlake, Foo Fighters, entre outros.