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Governadores defendem cota extra de 300 mil vacinas para o Amazonas

As 300 mil doses equivalem a cerca de 5% do total de vacinas previstas em curto prazo, incluindo a Coronavac e a vacina de Oxford/AstraZeneca

Colapso no sistema de saúde de Manaus - Michael Dantas/AFP

Em reunião na noite desta quinta-feira (21), o Fórum dos Governadores dos Estados Brasileiros defendeu a criação de uma cota extra de cerca de 300 mil doses de vacinas para o estado do Amazonas.
 
O estado, que vive um colapso em seu sistema de saúde, enfrenta uma escalada de novos casos da doença, com recordes e registros de infectados, de hospitalizações e de mortes em decorrência da doença.
 
As 300 mil doses equivalem a cerca de 5% do total de vacinas previstas em curto prazo, incluindo a Coronavac e a vacina de Oxford/AstraZeneca.
 
Ao todo, 2 milhões da vacina de Oxford/AstraZeneca devem chegar nesta sexta (22) após a Índia finalmente dar sinal verde à exportação. Outras 4,8 milhões da Coronavac, que já foram envasadas pelo Instituto Butantan, que aguarda a liberação da Anvisa.
 
A proposta dos governadores ainda será analisada pelo governo federal, a quem cabe decidir sobre a distribuição das vacinas.
 
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que preside o Consórcio do Nordeste e lidera as negociações dos estados relacionadas à vacina, diz que a proposta foi aprovada pelos governadores tendo em vista a gravidade do cenário da pandemia no estado do Amazonas.
 
"A situação [do Amazonas] é grave, muito mais grave do que antes. E, pior: o vírus começa a se espalhar, já com presença forte na divisa com o estado do Pará", afirmou Dias.
 
O objetivo é atender Manaus e as cidades do interior do estado mais afetadas pelos novos casos da pandemia: "É uma ação não só humanitária, mas ela também é estratégica tecnicamente para evitar a propagação [da Covid-19]", afirmou.
 
Só na última quarta (20) foram confirmados 5.009 novos casos no Amazonas, sendo 3.632 na capital e 1.377 no interior.
 
Esse é o maior número registrado em um único dia desde o início da pandemia. Até então, o recorde havia sido registrado em 29 de maio, primeiro pico da pandemia: 2.763.
 
Essa escalada de diagnósticos de Covid-19 deve pressionar ainda mais os hospitais de Manaus, que já enfrentam crise de falta de leitos e de oxigênio, que vem provocando a morte de pacientes internados na capital e no interior do estado, relatam médicos e as próprias prefeituras.
 
Na capital, hospitais da rede pública estão superlotados e operam acima da capacidade, com pacientes internados em poltronas por falta de leitos e taxas de ocupação chegando a 111% entre os leitos clínicos e 96% na UTI Covid, segundo o boletim epidemiológico do governo amazonense.

 


Na rede privada, a taxa de ocupação é de 93% para os leitos de UTI Covid e 85%, entre os leitos clínicos. E, tanto na rede pública quanto na privada, a escassez de oxigênio tem levado os médicos a pedirem que os familiares dos pacientes levem cilindros com o insumo para garantir os tratamentos em caso de novas interrupções, que não estão descartadas.
 
A campanha de vacinação foi suspensa em Manaus nesta quinta por, pelo menos, 24 horas após denúncias de favorecimento na aplicação de vacinas contra Covid-19.
 
A Defensoria Pública do Amazonas recomendou a a reformulação do plano de vacinação dos profissionais de saúde em Manaus devido à "quantidade insuficiente de doses de vacina.
 
As vacinas disponibilizadas nesta primeira fase pelo Ministério da Saúde, que devem ser suficientes para imunizar apenas 34% dos 56 mil servidores da saúde nas redes estadual e municipal da capital.