VACINAÇÃO

Médicos são os primeiros vacinados com a dose de Oxford no Brasil

A Fiocruz aplicou as doses em um evento neste sábado, no Rio de Janeiro

O médico infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Estevão Portela, recebe a dose da vacina de Oxford/AstraZeneca na Fiocruz - Tomaz Silva/Agência Brasil

Os primeiros vacinados com o imunizante de Oxford/Astrazeneca no Brasil foram médicos da Fiocruz. A fundação aplicou as doses em um evento neste sábado (22) no Rio de Janeiro, enquanto as remessas que chegaram da Índia eram entregues ao Ministério da Saúde.

A fila começou com três médicos, e depois mais sete trabalhadores da saúde da linha de frente contra a COVID-19. A pesquisadora Margareth Dalcomo, que tem se destacado na defesa da vacina durante a pandemia, foi um deles. "Vai chegar o dia em que nós realmente vamos poder comemorar", disse ela.

"Hoje é um dia simbólico, mas nós vamos comemorar de verdade quando tivermos 70% da população brasileira vacinada, com as duas boas vacinas produzidas pelos dois grandes laboratórios brasileiros, Fiocruz e Butantan."

O infectologista e pesquisador Estêvão Portela, que coordena estudos sobre futuros tratamentos para a doença, foi outro que se vacinou. "Mais do que a proteção individual de cada um de nós, quem se vacina faz parte de um enorme esforço coletivo para finalmente deter esse vírus. Finalmente temos ferramentas, finalmente temos vacinas, e é importante que elas cheguem no braço de todas as pessoas que precisam", afirmou.

A terceira a ser imunizada foi a médica Sarah Ananda Gomes. A jovem coordena a equipe de cuidados paliativos e fez parte das comissões de crise do vírus no hospital Felício Rocho em Belo Horizonte. Uma semana após o esperado, a vacina de Oxford/AstraZeneca saiu da Índia e chegou nesta sexta (22) ao Brasil, passando pelo aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e depois pelo aeroporto do Galeão, no Rio.

As 2 milhões de doses aguardadas desde a semana passada foram escoltadas pela Polícia Federal para um depósito da Fiocruz, onde, durante a madrugada e a manhã, técnicos do instituto fizeram a checagem e rotulagem dos frascos com informações em português.

Por volta das 14h30, a vacina começou a ser levada em caminhões ao depósito do Ministério da Saúde para depois ser distribuída aos estados. Segundo o ministro Eduardo Pazuello, todos terão os imunizantes em até 24 horas após o início da distribuição, ou seja, até este domingo (24).

Neste sábado a pasta divulgou quantas doses cada local vai receber. São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro têm os maiores valores, com 502 mil, 190 mil e 185 mil doses respectivamente. Logo depois vem o Amazonas, que foi priorizado por ter a situação mais grave do país e uma crise de falta de oxigênio, conforme combinado com os outros estados. Um total de 132 mil unidades irão para lá.

Agora o Brasil tem duas vacinas: a de Oxford e a Coronavac, que tem 6 milhões de doses importadas já sendo aplicadas desde segunda (18). Ambas tiveram seu uso emergencial aprovado pela Anvisa no último domingo (17). Nesta sexta, a agência também autorizou a entrega de mais 4,8 milhões de doses envasadas pelo Instituto Butantan, das quais 4,1 milhões devem ser distribuídas nos próximos dias (o número anterior era uma previsão da produção que seria feita).

Tanto as doses recebidas nesta semana quanto estas entregues agora, porém, não devem demorar muito para acabar. Levantamento feito pela Folha de S.Paulo na quinta-feira (21) mostrou que 17 das 27 capitais planeja terminar de ministrar as primeiras doses até o fim da próxima semana, dia 31 de janeiro.

A maioria dos estados e cidades está reservando metade das remessas da Coronavac para a segunda dose daqui a duas a quatro semanas. A vacina de Oxford, por outro lado, tem a vantagem de poder ter todas as suas doses usadas de uma vez, com a segunda aplicação só daqui a três meses.

Nesse período, a ideia é que tanto o Butantan quanto a Fiocruz recebam a matéria-prima (o IFA, ingrediente farmacêutico ativo) da China e consigam envasar a tempo mais vacinas em seus laboratórios. Isso, porém, depende do aval do país asiático.