Discussão sobre novo imposto não faz parte do contexto atual, diz Lira
O líder do centrão ponderou, no entanto, que conversou com Paulo Guedes e que o ministro negou a intenção de propor o tributo sobre transações
Candidato ao comando da Câmara dos Deputados, o líder do bloco do centrão, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta segunda-feira (25) que não há ambiente no país para discutir a criação de um novo imposto sobre transações nos moldes da extinta CPMF, como propôs o ministro Paulo Guedes (Economia).
Lira concedeu coletiva em Brasília antes de viajar para Bahia e Espírito Santo, onde se reunirá com bancadas dentro de sua campanha pela presidência da Câmara dos Deputados. A eleição para o comando da casa foi marcada para a próxima segunda-feira (1º).
"Imposto sobre transações não é CPMF. Você tem hoje um novo mundo", disse. "O que estávamos propondo naquela época era uma alíquota bem pequenininha para ter um parâmetro nacional. Mas isso não faz parte do contexto atual. Não faz parte do contexto atual", afirmou.
O líder do centrão ponderou, no entanto, que conversou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e que o ministro negou a intenção de propor o tributo. Na pasta, no entanto, secretários e técnicos voltaram a defender o imposto desde o final do ano passado.
"A posição do presidente da Câmara é irrelevante. O artigo 17 proíbe inclusive o voto. O presidente da Câmara não vota. Minha vontade não terá importância, se eu sou a favor ou se eu sou contra. Eu vou ser escravo das propostas que estou fazendo de gestão de uma nova Câmara", disse.
Na entrevista, Lira, que é o candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), disse que, caso seja eleito, não será submisso ao Poder Executivo. Ele observou, no entanto, que não pautará sua gestão por uma relação de discórdia entre o Executivo e o Legislativo.
"Não há possibilidade de qualquer presidente ser submisso ao Poder Executivo. Não vamos procurar a discórdia, mas vamos buscar a harmonia", ressaltou.
O deputado federal ressaltou que a atividade econômica tem a possibilidade de crescer 5% neste ano. Para isso, no entanto, ressaltou que é necessário fazer "o dever de casa", aprovando as reformas administrativa e emergencial no primeiro semestre.
Apesar da pressão sobre Bolsonaro, Lira voltou a dizer que é possível evitar um aumento da miséria no país sem a extensão do auxílio emergencial. Na opinião dele, há maneiras de arrefecer a situação críticas com saídas dentro do projeto orçamentário.
"Não vejo nenhuma hipótese de ter mais um ano de prorrogação da PEC da Guerra", disse. "Nós temos dentro do Orçamento inúmeras situações que precisam ser revistas", acrescentou.
O líder do centrão tergiversou quando perguntado se, caso seja eleito, pretende analisar os quase 60 pedidos de impeachment contra Bolsonaro apresentados à Câmara.
Primeiro, Lira disse que não se manifestará sobre o assunto como candidato, já que o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) não instaurou nenhum processo até o momento.
"Sempre respeitei as posições do Rodrigo Maia e ele teve cinco anos com 57 pedidos de impeachment na sua gestão. Se ele não abriu nenhum, é porque ele não viu motivos. E essa pauta, mais uma vez eu digo, não é para discussão sobre teses", afirmou.
Perguntado se a situação caótica da saúde no país, como a falta de oxigênio para pacientes em Manaus, não justifica a abertura de um processo, Lira disse que a pandemia do coronavírus é um desafio para todos os países.
"Ninguém sabe exatamente como tratar esse vírus. Nós temos de fazer todos os esforços para que a gente minimize os efeitos da pandemia" disse.