Educação

Estudantes da UFPE relatam transtorno na volta às aulas

Alunos do curso de odontologia e de algumas das engenharias do Centro de Tecnologia e Geociências (CTG) declaram estar com problemas na matrícula e se queixam de um possível atraso na conclusão do curso

Os alunos se queixam da possível ausência de aulas práticas nesse período - Aymeé Bittencourt

Estudantes do curso de odontologia e das engenharias de controle e automação, elétrica, eletrônica, alimentos e oceanografia  da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estão aflitos com o retorno das aulas do semestre 2020.1, que começou nesta última segunda-feira (25). Segundo eles, algumas disciplinas não poderão ser cursadas por conta de problemas internos dentro dos centros.

No caso do curso de odontologia, os alunos se queixam da possível ausência de aulas práticas nesse período. As atividades são indispensáveis para a conclusão do curso. O motivo é falta de condições adequadas de biossegurança oferecidas ao departamento no qual aconteceriam as práticas.

“Ficou acordado que as aulas voltariam no dia 25. Foi solicitado que fizéssemos os pijamas cirúrgicos e uma série de recomendações. Já na sexta (22), às 23h, recebemos da professora de clínica que as aulas práticas não voltariam. Pessoas que moram no Interior, que alugaram casa e compraram passagem para estarem aqui estão sendo prejudicadas. Além disso, há o transtorno acadêmico e a questão dos pacientes que estão sem acesso aos serviços oferecidos pela clínica”, afirma Bruna Santos, estudante do 9º período do curso. 

Um documento solicitando condições adequadas para os atendimentos odontológicos foi elaborado por uma comissão de biossegurança do curso de odontologia, mas os prazos para a adaptação são longos. Neste documento, é solicitado a troca dos filtros dos ares-condicionados, implantação de divisórias entre as clínicas e divisão com fitas para delimitar os espaços.

Reunião

No começo da tarde desta segunda-feira (25), uma comissão formada por estudantes do curso se reuniu com a direção do Centro de Ciências da Saúde (CCS), coordenação do curso e com a Reitoria da Universidade para tentar negociar essas questões. A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) explicou que não recebeu nenhum comunicado formal do curso de que as disciplinas serão canceladas.

Por meio de nota, a UFPE informou que de acordo com a Resolução 23/2020, que rege o ano letivo 2020/2021, "cabe ao colegiado de cada curso e aos Conselhos dos Centros decidirem sobre a oferta de disciplinas práticas no formato presencial". Além disso, a universidade informa no texto que “os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adquiridos pela UFPE são prioritariamente destinados aos cursos da área de saúde e sugeriu rodízio de alunos nos dias de aulas práticas”. 

A gestão sugeriu a criação de uma comissão para acompanhar o andamento da implantação necessárias para garantir condições de biossegurança. Também foi sugerido que o curso avalie a possibilidade de quebra momentânea da obrigatoriedade dessas disciplinas para que os alunos possam cursar outros componentes do currículo.

No caso dos alunos das engenharias, o caso é semelhante, pois alguns alunos alegam que tiveram diversas disciplinas canceladas na noite da sexta-feira e no início do sábado. 

De acordo com o professor Afonso Oliveira, atual diretor do centro, as aulas práticas foram canceladas pois a UFPE não forneceu um guia com as medidas de biossegurança necessárias. Além disso, foram pedidos insumos como álcool e máscaras para a Pró-Reitoria de Gestão Administrativa (PROGEST), que não foram entregues. 

“O cancelamento dessas disciplinas afetou bastante, porque as disciplinas práticas são pré-requisitos, ou até co-requisitos de disciplina de final de curso, como o TCC. Ou seja, um aluno que poderia estar próximo de se formar, terá que aguardar a chance em um próximo semestre”, afirma Kleber Vieira, presidente do Diretório Acadêmico de Engenharia Mecânica e aluno do curso.

Em nota, a UFPE informou que o Colegiado do Curso de Engenharia Mecânica não solicitou à Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), oficialmente, o cancelamento de nenhum componente curricular disponibilizado aos alunos da graduação. A universidade afirmou que se mostrará sensível à demanda dos alunos e que irá receber um grupo de representantes dos estudantes no final da tarde desta terça-feira (26), com o objetivo de encontrar uma solução.