Paulo Bruscky apresenta obras feitas na pandemia em nova exposição
Exposição 'A virulência da arte' entra em cartaz na Galeria Amparo
Paulo Bruscky sempre foi um artista em contínuo movimento. Mesmo a pandemia de Covid-19, que para tantos teve um efeito paralisante, não aplacou sua vontade de transformar em arte qualquer coisa que passe pelo seu caminho. A prova disso está na mostra “A virulência da arte”, que aporta na Galeria Amparo 60 a partir desta quinta-feira (28) e traz obras inéditas produzidas pelo artista pernambucano neste período pandêmico.
Com curadoria de Mariana Oliveira, a exposição conta com uma performance registrada em vídeo, colagens e o que Paulo chama de “artes classificadas”. São intervenções feitas nas páginas de anúncios de jornais, com frases e desenhos, ou mesmo publicações próprias. Um dos textos, por exemplo, propõe um concerto em homenagem aos profissionais da saúde. Sinos de igrejas, sirenes de ambulâncias e despertadores seriam acionados ao mesmo tempo.
“Tem sido um período muito difícil e que me levou a algumas reflexões. É incrível como as pessoas, apesar do negacionismo total do Governo, arriscam suas vidas para salvarem as dos outros. São profissionais que merecem todo o nosso respeito e consideração”, aponta.
As peças escolhidas para a mostra foram produzidas por Bruscky entre março e dezembro do ano passado. As primeiras nasceram logo no início da pandemia, enquanto o artista visitava sua filha e a neta recém-nascida em Paris. Com o apoio da filha, ele iniciou digitalmente o processo de criação das colagens, concluídas posteriormente de forma manual, já no Brasil. “Foi uma experiência boa para mim e, para quem conhece a minha obra, vai ver que é algo novo”, comenta.
Desde que retornou ao Brasil, em abril, Bruscky não deixou de frequentar seu ateliê, no bairro da Boa Vista, mantendo uma rotina diária de produção que começa às 6h e só termina às 18h. A exposição traz um olhar sobre o papel da criação artística, uma temática que já norteia o trabalho do artista há bastante tempo.
“Acho que a arte continua sendo a última esperança da humanidade. Ela supera todos os momentos, não tem uma função específica e é mágica por isso. Serve para tudo e para nada. Só fazer uma pessoa parar e pensar, para mim, já é muito”, afirma o artista. “A performance que ele fez em janeiro e está documentada fecha muito essa ideia da exposição. A pandemia veio reafirmar o quanto a gente precisa sim de arte para ter um alívio”, complementa a curadora da mostra.
Sempre atento aos rumos políticos do País, Bruscky não deixou de registrar sua crítica à maneira como o governo federal conduz o combate ao coronavírus. Isso está exposto de maneira mais direta numa das colagens, transformada também em serigrafia. A frase “O que nos espera?”, retirada de uma revista, aparece sobreposta a uma bandeira do Brasil rasgada.
“Sempre reflito muito sobre tudo o que eu faço. Durante esse período, fui associando várias coisas e isso se refletiu na minha produção. Não tenho pena da minha obra. Por isso, eu pego, mexo, rasgo, faço outra coisa. Nada para mim está acabado. Se a vida é efêmera, por que a arte não pode ser? Tudo para mim é work in progress sempre”, conclui.
A exposição segue aberta ao público até o dia 26 de fevereiro e integra o projeto Mirada, idealizado pela galeria em parceria com a SpotArt. As visitas devem ser agendadas através dos telefones: (81) 99986-0016 ou (81) 3033-6060.