Índia promete mais vacinas contra Covid-19 e diz que 'salvou humanidade de tragédia'
Líder ultranacionalista prometeu entregar vacinas para todo o mundo "mais rapidamente e em muito maior escala" do que as 2 milhões de doses exportadas até aqui
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, dispensou a modéstia e afirmou que seu país salvou "a humanidade toda de uma grande tragédia" ao combater a pandemia do novo coronavírus.
Falando por videoconferência na edição virtual do Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), o líder ultranacionalista prometeu entregar vacinas para todo o mundo "mais rapidamente e em muito maior escala" do que as 2 milhões de doses exportadas até aqui.
Elas integravam um lote encomendado pelo Brasil, e tiveram um atraso na entrega.
"A índia foi bem-sucedida em salvar tantas vidas, nós salvamos a humanidade toda de uma grande tragédia. A Índia lançou o maior programa de vacinação do mundo e já inoculou mais de 2,3 milhão de trabalhadores de saúde nos últimos 12 dias", disse.
O plano indiano é chegar a 300 milhões de pessoas, entre trabalhadores de saúde, idosos e portadores de comorbidades, em oito meses. O país tem capacidade instalada: produz cerca de 60% das vacinas do mundo, desenvolveu seus próprios imunizantes contra Covid-19 e é parceiro da AstraZeneca/Universidade de Oxford.
Previsivelmente, Modi ignorou em sua fala as dificuldades que o programa de vacinação enfrenta, e fez propaganda geopolítica de seu trabalho.
"Algumas pessoas falavam que teríamos 2 milhões de mortes", disse. De fato, após setembro, o país conseguiu controlar razoavelmente a pandemia com uma série de medidas como lockdowns.
Não chegou a ser um sucesso chinês, mas ainda assim hoje a Índia tem 111 mortes por milhão de habitantes, quase dez vezes menos do que o Brasil. Nominalmente, por sua população de 1,3 bilhão de pessoas, está em segundo lugar no número de casos: 10,7 milhões, atrás dos americanos e à frente dos brasileiros.
"Não é apropriado comparar sucessos. Nosso sucesso vai ajudar o mundo", disse, fazendo propaganda até da medicina tradicional hindu, a ayurveda, como central para "aumentar a imunidade".
Ultranacionalista criticado por suas posições em favor da maioria hindu de seu país, Modi defendeu o que chamou de "autossuficiência comprometida com o bem global e as cadeias produtivas globais".
No palanque virtual, não citou a disputa com a vizinha China, que deixou dezenas de mortos no ano passado em escaramuças fronteiriças, elevando as tensões com o rival asiático.
Modi aproximou-se de Donald Trump e sua Guerra Fria 2.0 contra Pequim, de olho em contrabalançar a influência chinesa na Ásia.
Também não falou sobre o conflito com o Paquistão, país islâmico nascido de uma costela da antiga Índia Britânica e rival amargo de Nova Déli.
Concentrou-se em vender os avanços indianos também nos pilares da dita Quarta Revolução Industrial, "conectividade, automação, inteligência artificial e dados em tempo real".
Citou o sucesso em atender 700 milhões de pessoas com a versão indiana do programa de auxílio emergencial da pandemia devido à implantação, há anos, de um sistema de identidade digital nacional.