Imprensa

'Falta compostura ao presidente', diz presidente da ABI sobre ataque de Bolsonaro à imprensa

Questionado sobre os gastos de R$ 15,6 milhões com leite condensado pelas Forças Armadas, Bolsonaro mandou a imprensa 'enfiar no rabo' as latas

Associação Brasileira de Imprensa - Divulgação

O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Paulo Jeronimo, emitiu, nesta quinta-feira (28), nota de repúdio ao ataque do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), à imprensa. 

Questionado sobre os gastos de R$ 15,6 milhões com leite condensado pelas Forças Armadas, Bolsonaro mandou a imprensa "enfiar no rabo" as latas. 

Paulo Jeronimo abre o texto citando adjetivos que "poderiam qualificar o discurso do presidente": "estarrecedor, espantoso, repugnante, medonho, grotesco". "Decididamente, o Brasil não merece isso. Dar um basta nesta situação é questão de sobrevivência nacional", encerra o presidente da ABI após comentar os pedidos de impeachemnt de Bolsonaro.

Em seguida, o presidente da ABI diz que as palavras de baixo calão de Bolsonaro têm "estilo cafajeste [...] presentes em seu comportamento".

O representante da entidade de imprensa ainda afirma que a declaração "só satisfaz bajuladores" que "dão gargalhadas e aplaudem, contentes, as grosserias do presidente".

Paulo egue o texto chamando a fala do presidente de "atitude lamentável" e critica a "incompetência criminosa" no combate à pandemia de Covid-19.

Paulo Jeronimo, presidente da ABI (Foto: Divulgação/ABI)

Leia a íntegra da nota:

Falta compostura ao presidente

Estarrecedor, espantoso, repugnante, medonho, grotesco.

Estes são alguns adjetivos que poderiam qualificar o discurso do presidente Jair Bolsonaro na quarta-feira desta semana.

Diante da divulgação de números envolvendo compras suspeitas do governo, retirados de sites oficiais, Bolsonaro mais uma vez atacou de forma grosseira a imprensa e usou expressões de baixo calão, no estilo cafajeste tantas vezes presente em seu comportamento.

Mandar a imprensa "enfiar no rabo" latas de leite condensado que podem ter sido compradas com superfaturamento só satisfaz bajuladores, como o ministro de Relações Exteriores que, ao lado do chefe, tal qual bobos da corte, dão gargalhadas e aplaudem, contentes, as grosserias do presidente.

Foi um espetáculo lamentável.

As mortes pela Covid-19 chegam a mais de 220 mil, batendo recordes, e o governo dá seguidas mostras de uma incompetência criminosa. O mundo inteiro avança no enfrentamento da pandemia, enquanto no Brasil o governo insiste em minimizar a gravíssima situação, tornando-se responsável direto pela morte de brasileiros, ora pelo atraso na distribuição de vacinas, ora pela falta de oxigênio, ora pelo incentivo ao uso de medicamentos condenados pelas autoridades médicas.

Bolsonaro mantém no comando da área da Saúde uma figura sem qualquer qualificação para tal. E não só o ministro é despreparado. Toda a pasta está ocupada por militares que foram nomeados em detrimento de especialistas na área experientes e competentes, num processo que inclusive compromete a imagem das Forças Armadas.

Enquanto isso, acumulam-se nas gavetas do presidente da Câmara dos Deputados os pedidos de impeachment do presidente. Já são mais de 60.

A eles se soma o pedido de impeachment do ministro Eduardo Pazuello, encaminhado pela ABI e também engavetado. 

Decididamente, o Brasil não merece isso.

Dar um basta nesta situação é questão de sobrevivência nacional.

Paulo Jeronimo

Presidente da Associação Brasileira de Imprensa