EUA

Biden reativa plano de Obama, rejeitado por Trump, de incluir ativista negra em cédula de US

Harriet Tubman militou contra a escravidão e pelo voto feminino no século 19. Caso aprovato, projeto fará dela a primeira mulher negra a ser homenageada em notas de dólar

Harriet Tubman pode ser a primeira mulher negra a estampar uma cédula de dólar - Biblioteca do Congresso dos EUA/Reuters

Recém empossado presidente dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden anunciou, nesta semana que pretende retomar o projeto de incluir a ativista negra Harriet Tubman nas cédulas de US$ 20. O plano foi anunciado ainda no governo Barack Obama, em 2016, mas foi abandonado por Donald Trump.

A decisão é mais uma sinalização de mudança de rumo da política norte americana após a vitória eleitoral. "O Tesouro está tomando medidas para reativar os esforços para colocar Harriet Tubman nas novas notas de 20 dólares. "É importante que nossas cédulas, nosso dinheiro, reflitam a história e a diversidade de nosso país", disse a porta-voz presidencial, Jen Psaki. 

Caso aprovada, a medida fará da abolicionista a primeira mulher negra a estampar uma nota de dólar. Harriet lutou contra escravidão e pelo voto feminino nos Estados Unidos e, caso seja aprovado, o projeto vai substituir o ex-presidente Andrew Jackson em uma das notas que mais circulam nos Estados Unidos. Donald Trump, que durante a campanha de 2016 chamou o projeto de "puramente político", é admirador declarado do ex-presidente Jackson, que estampa a cédula desde 1928.



Ativista negra
Nascida em 10 de março de 1913, Harriet escapou do cativeiro e depois disso fez 19 missões para resgatar cerca de 300 pessoas escravizadas, incluindo familiares e amigos, usando a rede de ativistas antiescravatura e abrigos conhecida como Underground Railroad. Durante a Guerra Civil Americana, ela serviu como batedora armada e espiã para o exército da União. Em seus últimos anos, Tubman tornou-se uma ativista pela causa do sufrágio feminino.

Nascida escravizada no condado de Dorchester, em Maryland, Tubman foi espancada e açoitada por seus vários senhores durante a infância. Ainda jovem, ela sofreu uma lesão craniana traumática quando um senhor de escravo jogou um pesado peso de metal num escravo fugitivo, mas acabou acertando-a. A lesão causou tonturas, dores e períodos de hipersonia que ocorreram ao longo de sua vida. Depois do ferimento, Tubman começou a ter visões estranhas e sonhos vívidos, os quais atribuiu a premonições de Deus. Estas experiências, combinadas com sua educação metodista levaram-na a se tornar uma religiosa devota.

Em 1849, Tubman escapou para a Filadélfia, mas imediatamente voltou a Maryland para resgatar sua família. Lentamente, um grupo de cada vez, ela trouxe parentes consigo para fora do estado e, eventualmente, guiou dúzias de outros escravos à liberdade. Peregrinando à noite e sob sigilo extremo, Tubman (ou "Moisés", como era chamada) "nunca perdeu um passageiro".[3] Depois da aprovação do Fugitive Slave Act de 1850, ela ajudou a guiar fugitivos mais ao norte para a América do Norte Britânica, e ajudou escravos recém libertados a encontrar trabalho. Tubman conheceu John Brown em 1858 e ajudou-o a planejar e recrutar apoiadores para seu ataque a Harpers Ferry em 1859.

Quando a Guerra Civil Americana eclodiu, Tubman trabalhou para o exército da União, primeiro como cozinheira e enfermeira, depois como batedora armada e espiã. Foi a primeira mulher a liderar uma expedição armada na guerra, guiando o ataque no rio Combahee, que liberou mais de 700 escravos. Depois da guerra, ela aposentou-se e passou seus dias na propriedade de sua família, adquirida em 1859 em Auburn, no estado de Nova Iorque, onde cuidou de seus pais já idosos. Ela atuou no movimento pelo sufrágio feminino até a doença lhe impossibilitar de fazê-lo, quando foi internada num asilo para afro-americanos idosos que ajudara a criar anos antes. Depois de sua morte em 1913, tornou-se um ícone de coragem e liberdade.